A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema) pode voltar a analisar, depois de 25 anos, questões de quebra de decoro envolvendo um de seus membros por infringir as regras da Casa. Ou seja, de quebra do comportamento decente, ético e honrado que se espera dos parlamentares.

Trata-se de uma representação protocolada pelo suplente Zé Inácio (PT) pedindo a cassação do mandato de Othelino Neto (Solidariedade) por supostos fatos envolvendo o deputado estadual. A petição, assinada pelo advogado Marcus Lobo, acusa o parlamentar de envolvendo com corrupções e homicídios. (Eis a petição na íntegra)

As últimas análises de processos disciplinares na Casa ocorreram 25 anos atrás. Em 1999, o Legislativo cassou, por unanimidade, o então deputado estadual José Gerardo de Abreu, acusado de ser um dos líderes do crime organizado no Estado.

Na época, depois da cassação, a Polícia Civil chegou a emitir à Justiça dois pedidos de prisão preventiva para o deputado cassado, referentes a inquéritos em que ele era citado como mandante de dois assassinatos.

Na tarde daquele dia, a Justiça acatou um dos pedidos e decretou a prisão preventiva pela morte, em 1982, do cobrador de ônibus Carlindo Sousa, que na época entrou na Justiça com uma ação trabalhista contra o ex-deputado.

Gerardo era investigado em dez inquéritos. Ele era acusado de participar de roubo de caminhões e de ser mandante de nove assassinatos, entre outros crimes.

O outro inquérito que resultou no segundo pedido de prisão preventiva foi o que investigou o assassinato a tiros, em 1997, do delegado Stênio Mendonça, que apurava roubo de carretas.

A cassação de Gerardo foi baseada em seis acusações: recusa em assinar o termo de compromisso de dizer a verdade à CPI do Narcotráfico; uso de atestados médicos para só comparecer às sessões da Assembleia uma vez por semana; uso de uma pista de pouso clandestina; porte ilegal de arma; ter faltado com a verdade em depoimentos que acabaram sendo desmentidos por testemunhas e sonegação de impostos.

Dos 42 deputados estaduais do Maranhão, só Gerardo e Francisco Caíca (PSD) não compareceram à sessão. Caíca, contra quem também existia um pedido de cassação, estava sob licença médica.

Gerardo, 59, estava em seu quarto mandato de deputado estadual. Desde que conquistou uma cadeira no parlamento maranhense, em 1979, só deixou o cargo entre 1990 e 1994, quando votos obtidos por ele só foram suficientes para uma vaga de suplente.

Das 119 sessões da Assembleia Legislativa em 1999, ele só compareceu a 21. Um terço das faltas não foram justificadas. Gerardo tinha sua base eleitoral em Zé Doca, Bom Jardim e Santa Inês, cidades cortadas pela rodovia BR-316, apontada como principal foco de roubo de carretas no Maranhão.

Ele era empresário de transportes coletivos em São Luís, quando foi eleito deputado estadual pela primeira vez possuía, segundo dados do período, 70% da frota de ônibus da cidade.

Leia mais notícias em isaiasrocha.com.br e nos sigam nas redes sociais: FacebookTwitterTelegram Tiktok. Leitores também podem colaborar enviando sugestões, denúncias, criticas ou elogios por telefone/whatsapp (98) 9 9139-4147 ou pelo e-mail isaiasrocha21@gmail.com