Resultado da fusão entre PSL e DEM, a União Brasil coleciona intrigas desde que foi criada, em fevereiro de 2022.

De grandes a nanicos, partidos políticos têm vivido brigas internas por poder que já resultaram em trocas de xingamentos, afastamentos de dirigentes e ações na Justiça.

Há disputas entre alas opostas na União Brasil, com 59 deputados, no Cidadania, com 5 deputados, na Rede Sustentabilidade, que elegeu 2 representantes na Câmara dos Deputados, e no PRTB, que não tem deputados.

Um grupo do DEM sempre foi crítico ao comando do partido, liderado pelo deputado Luciano Bivar (PE), que presidia antes o PSL. A legenda atingiu neste mês o ápice das brigas internas, e integrantes da legenda desencadearam uma operação para tentar tirar Bivar da presidência.

A gota d’água, dizem integrantes da sigla, foi uma discussão ocorrida há cerca de duas semanas entre o deputado e ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e secretário-geral da legenda.

O motivo foram divergências sobre o diretório do Amazonas. Reunidos em Brasília, o presidente do partido apontou o dedo a Neto e proferiu, segundo relatos, uma série de ofensas e xingamentos.

ACM Neto passou então a organizar uma resposta partidária ao caso. Pressionado, Bivar tem falado em se licenciar do cargo. Caso ele não deixe o posto, parlamentares buscam antecipar a eleição para a executiva nacional da agremiação, marcada para o ano que vem, para impedir que ele tente a reeleição.

A briga sobre o diretório amazonense ocorreu porque a administração deliberou pela necessidade de reunião para definir a data da eleição do novo comando estadual. Mas Bivar baixou um ato monocrático convocando para o dia 18 de agosto uma convenção em Manaus na tentativa de eleger nomes ligados a ele no estado. Representantes do partido foram à Justiça e conseguiram rever o ato.

Depois da decisão e da briga que teve com o presidente do partido, ACM Neto organizou uma carta na qual questiona publicamente como Bivar conduziu a situação no Amazonas.

“Precisamos de uma Direção Nacional mais plural no União Brasil, onde o presidente nacional reúna com frequência o partido e as decisões estratégicas, municipais, estaduais e nacional, sejam tomadas pelo desejo da maioria”, diz nota assinada por oito integrantes da legenda, todos oriundos do DEM.

Já a Rede teve neste ano a primeira disputa entre duas chapas pelo comando da sigla desde 2013, quando foi fundada. A briga se deu entre um grupo ligado à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e outro que já estava no comando do partido, liderado pela ex-senadora Heloísa Helena e pelo engenheiro ambiental Wesley Diógenes.

O segundo grupo acabou vitorioso e, na divisão de poder, a ala ligada a Marina ficou com a tesouraria. Mas na semana passada, a direção nacional da Rede decidiu afastar a tesoureira da legenda, Juliana Pereira de Sá, e convocar uma reunião da comissão de ética para avaliar a conduta dela.

O caso foi parar na Justiça. Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, a Justiça do Distrito Federal restituiu Juliana ao posto. Na ação, ela alegou ter sido afastada do cargo em reuniões que considera irregulares.

Segundo a tesoureira, ligada ao grupo de Marina e do deputado Túlio Gadêlha (PE), a articulação para substituí-la teria como pano de fundo a tentativa do grupo político majoritário da sigla para “deter o controle financeiro absoluto sobre o caixa partidário”.

O juiz Rômulo de Araújo Mendes atendeu ao pedido de Juliana e entendeu não haver previsão no estatuto da Rede para afastamento de filiados. Em nota, o grupo ligado a Heloísa e Wesley repudiou as alegações da tesoureira e disse que sua versão era uma “nuvem de fumaça”.

Já o Cidadania, que faz parte de uma federação com o PSDB, protagonizou troca de xingamentos e gritos numa reunião virtual há dez dias.

O partido é comandado por Roberto Freire há mais de 30 anos e uma ala da legenda tenta tirá-lo da presidência. A executiva do Cidadania se reuniu no dia 19 de agosto e aprovou uma resolução para convocar eleições e tentar mudar a direção partidária.

Freire acabou discutindo com correligionários, em especial o secretário-geral da sigla, Regis Cavalcante, que é do grupo que questiona sua liderança. “Você não está dirigindo a reunião, então, por favor, respeite as pessoas. Cale a boca, Regis”, afirmou ao secretário-geral, em vídeo do encontro que acabou vazando.

O ex-deputado Daniel Coelho acusou Regis de tentar dar um golpe no presidente da legenda. Já o líder do Cidadania na Câmara, Alex Manente (SP), afirmou à reportagem que trabalha para construir um acordo em meio às divergências.

“Eu tenho trabalhado para que tenhamos unidade e estejamos fortes para as eleições de 2024, onde o Cidadania terá a obrigação de ter uma boa eleição para ter boa perspectiva de sobreviver para 2026”, afirmou.

O PRTB, por sua vez, discute o espólio de Levy Fidelix, morto em abril de 2021. A viúva Aldineia Fidelix e o irmão de Levy, Júlio Cezar Fidelix, disputam o comando do partido há dois anos. Aldineia comandou o partido até agosto de 2022, quando Júlio ocupou a direção por decisão da Justiça.

No último dia 30, porém, uma convenção do partido decidiu tirar a família do ex-presidente do partido. Uma chapa liderada por Rachel de Carvalho venceu a disputa. Julio questiona a vitória na Justiça e tenta reaver o partido. (DA FOLHAPRESS BRASÍLIA, DF)

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