A Polícia Federal intimou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), para prestar depoimento no inquérito que apura suspeitas de corrupção no envio de emendas parlamentares ao Maranhão, no período em que ele exercia a função de deputado federal.

O depoimento deve ocorrer na próxima semana. A previsão é que seja realizado na sede da PF, em Brasília, mas o ministro ainda não confirmou presença. Outros investigados também foram intimados para prestar esclarecimentos.

É a primeira vez que um ministro do governo Lula é chamado para prestar esclarecimentos à PF na condição de investigado em uma apuração sobre corrupção. Os fatos investigados, porém, são anteriores à posse dele como ministro.

Esses depoimentos serão as últimas diligências realizadas no inquérito. Depois disso, a PF deve finalizar a investigação e enviar o relatório final ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Em setembro do ano passado, a PF deflagrou uma operação para aprofundar as investigações desse caso. Na ocasião, Juscelino Filho chegou a ter seus bens bloqueados, no valor de R$ 835 mil.

A operação gerou desgaste do ministro com o presidente Lula, mas Juscelino acabou sendo mantido no cargo.

A investigação suspeita que as emendas de R$ 1,5 milhão destinadas à Prefeitura de Vitorino Freire (MA), comandada pela irmã do ministro, Luanna Rezende, tiveram a licitação fraudada e que houve pagamento de propina a uma empresa ligada ao ministro Juscelino Filho.

Como funcionava o esquema, segundo a PF:

Essa investigação teve início após a apreensão do telefone celular de Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, dono da Construservice, por suspeitas de desvios em obras da Codevasf.

Após analisar o material, a PF encontrou diálogos nos quais Juscelino Filho antecipou ao empresário informações sobre a liberação de emenda parlamentar de R$ 1,5 milhão para obras de asfaltamento no município de Vitorino Freire (MA).

A investigação apontou suspeitas de três formas de repasse de propina a Juscelino Filho. A primeira delas seria por meio de uma empresa ligada a ele. De acordo com as investigações, Juscelino Filho indicou ao empresário uma empresa comandada por um laranja para receber os pagamentos de propina.

Essa empresa seria a Arco Construções e Incorporações, que pertence ao marido de uma ex-funcionária de Juscelino. A PF apontou que ele é um testa de ferro do ministro no comando da empresa. Essa empresa teria sido subcontratada pela Construservice para escoar os recursos ilícitos.

A PF também indicou a existência de transferências bancárias a terceiros, que seriam pessoas indicadas pelo ministro, e pagamentos em dinheiro vivo.

Outro lado

Na época da deflagração da operação, a defesa do ministro afirmou que sua atuação foi “pautada pelo interesse público e atendimento da população” e negou o envolvimento com irregularidades.

Questionada sobre o depoimento, a defesa de Juscelino disse que não comentaria porque o caso está sob sigilo.

A defesa do empresário Eduardo José Barros Costa não quis se manifestar. (UOL)

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