São Luís está entre as 14 capitais dos 26 estados, onde os prefeitos que tomaram posse na quarta-feira passada (1º) vão iniciar seus mandatos com menos de 50% de vereadores da base em suas respectivas câmaras. Os dados constam de um estudo conduzido pelo cientista político Humberto Dantas, líder do Coletivo Legis-Ativo, em parceria com pós-graduandos em Ciência Política da Fesp-SP.
“A partir de tais resultados, torna-se possível imaginar quem terá mais ou menos dificuldades para realizar seu programa com base em negociações com o parlamento, com os vereadores eleitos e com seus respectivos grupos e partidos em tais cidades”, explica Humberto Dantas.
Os pesquisadores apontam que, para efeitos de análise da governabilidade dos novos prefeitos, a aferição do desempenho das coligações nas eleições é o mais recomendado. A escolha se justifica porque esse dado indica com quantas cadeiras o governante começa a estabelecer as negociações para a formação de suas bases no Legislativo. Esses números podem mudar conforme as negociações entre os representantes do Executivo e do Legislativo municipal.
Situação delicada
O novo prefeito de Porto Velho, Leonardo Barreto (Podemos) é quem começa o mandato com a situação mais adversa entre todos os seus colegas de capitais. Nenhum dos 23 vereadores recém-empossados faz parte do partido ou da coligação que o elegeu. Nova prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL) inicia sua gestão com apenas dois aliados dentre os 26 vereadores (7,7%). Também dois vereadores aliados têm Eduardo Siqueira Campos (Podemos), novo prefeito de Palmas, onde a câmara municipal é composta por 23 cadeiras.
As dificuldades não se apresentam apenas para quem está assumindo agora. O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), por exemplo, teve como seus aliados na campanha eleitoral do ano passado apenas dez dos 41 vereadores da nova legislatura. Em Porto Alegre, Sebastião Melo começa seu segundo mandato com a promessa de apoio de 16 dos 35 vereadores da capital gaúcha. O número corresponde aos eleitos em sua coligação ou partido.
Para Humberto Dantas, é possível dividir a situação dos prefeitos em cinco faixas, cada qual com seu grau de dificuldade: acima de dois terços das cadeiras, entre metade e dois terços, entre um terço e metade, abaixo de um terço e, por fim, aquém de um décimo. Quanto menor o número de aliados eleitos, mais dificuldades o novo chefe do Executivo tende a enfrentar. Essas faixas estão divididas por cor na tabela abaixo. O início deve ser mais tranquilo para aqueles que estão nas faixas azul e verde. A partir da amarela, os prefeitos terão de ser habilidosos nas negociações para aprovar suas agendas.
Base ampla
Outros 12 prefeitos começam o mandato com situação tranquila no Legislativo, com uma base de apoio confortável para aprovar projetos de seu interesse. João Henrique Caldas (PL), de Maceió, e João Campos (PSB), de Recife, são os que terão mais companheiros de partido no Legislativo. Dos vereadores da capital alagoana, 44% são do PL, como JHC. Já na Câmara Municipal de Recife, 40,5% dos parlamentares são do partido do prefeito reeleito.
João Campos é o prefeito de capital com maioria mais folgada no Legislativo local: apoiaram sua reeleição 29 dos 35 vereadores da nova legislatura. O que equivale a quase 80% das cadeiras.
Os prefeitos de Rio Branco (76%), Natal (72%), João Pessoa (72%), Salvador (72%) e São Paulo (67%) também começam o mandato com maioria confortável para aprovar as propostas do Executivo. Com exceção de Paulinho Freire (União Brasil), na capital potiguar, os demais foram empossados para o segundo mandato consecutivo. Também têm maioria em suas câmaras os prefeitos de Belém (66%), Florianópolis (65%), Maceió (60%), Rio de Janeiro (55%), Curitiba (53%) e Goiânia (51%).
“Aqui se destacam três mandatários reeleitos em Santa Catarina, Alagoas e Rio de Janeiro, com dois políticos da oposição vencendo em Belém e Goiânia, e com a manutenção do grupo que está no poder entre os curitibanos”, observa Humberto Dantas.
Leia mais notícias em isaiasrocha.com.br e nos sigam nas redes sociais: Facebook, Twitter, Telegram e Tiktok. Leitores também podem colaborar enviando sugestões, denúncias, criticas ou elogios por telefone/whatsapp (98) 9 9139-4147 ou pelo e-mail isaiasrocha21@gmail.com