A Academia Maranhense de Letras (AML) manifestou-se em carta contra a possível mudança de nome do Hospital Nina Rodrigues, em São Luís (MA). O debate surgiu a partir de questionamentos sobre a obra do médico e antropólogo maranhense, acusado de racismo em seus estudos. A AML, no entanto, defende a permanência da homenagem, destacando a importância histórica e científica de Nina Rodrigues para diversas áreas do conhecimento.
Patrono da Cadeira nº 3 da AML e reconhecido também na Bahia, onde ocupa a Cadeira nº 39 da Academia de Medicina, Nina Rodrigues foi um dos fundadores da antropologia criminal no Brasil. De acordo com a carta da Academia, assinada pelo presidente Lourival Serejo e aprovada em sessão no dia 27 de fevereiro, ao longo de sua trajetória, Rodrigues publicou mais de 60 obras, incluindo “Regime alimentar no Norte do Brasil” (1881), “A Morféia em Andajatuba” (1886) e “O alienado no Direito Civil brasileiro” (1901). O nome do escritor, segundo a AML, está registrado na história da imprensa maranhense, baiana e de periódicos internacionais.
Além de sua produção intelectual, Nina Rodrigues destacou-se na medicina, atuando em prol das populações mais vulneráveis. Esse trabalho lhe rendeu o título de “Doutor dos Pobres”. Para a AML, apagar sua contribuição sob o argumento de um revisionismo histórico equivale a desconsiderar sua relevância para a ciência e para o país.
A instituição ressalta, no entanto, que reconhece e respeita as lutas legítimas contra o racismo e as injustiças sociais. No entanto, defende que a preservação da memória de Nina Rodrigues não deve ser confundida com a conivência com práticas discriminatórias.
Confira a íntegra da carta:
ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS
Manifesto pela permanência do nome do HOSPITAL NINA RODRIGUES
Sobre rumores de uma eventual mudança de nome do Hospital Nina Rodrigues, de São Luís (MA), a despeito de acusações de racismo do escritor, professor, antropólogo, psiquiatra, etnólogo e médico legista Nina Rodrigues, a Academia Maranhense de Letras (AML) manifesta-se com os seguintes argumentos:
Pela história, pelos estudos e pesquisas empreendidos ao longo de anos, como respeitável cientista e fundador da antropologia criminal no Brasil, nada apaga a incomensurável contribuição do escritor maranhense, patrono da Cadeira nº 3 da AML, à ciência e a diferentes áreas do conhecimento.
Nina Rodrigues teve seu trabalho reconhecido no Maranhão e em outros estados do País, como a Bahia, onde também é patrono da Cadeira nº 39 da Academia de Medicina.
Na condição de escritor e cientista, Nina Rodrigues deixou importantes obras como legado, em mais de 60 publicações, a exemplo de Regime alimentar no Norte do Brasil (1881), A Morféia em Andajatuba (1886) e O alienado no Direito Civil brasileiro (1901), e inscreveu seu nome na história da imprensa do Maranhão, da Bahia e de periódicos internacionais.
Como médico, dedicou-se por longo tempo ao trabalho clínico em favor das populações mais vulneráveis, o que lhe rendeu o epíteto de “Doutor dos Pobres”.
A pretexto de um revisionismo histórico, negar a obra e o trabalho do maranhense Nina Rodrigues é apagar da memória do Brasil todo o estudo a que ele se dedicou em vida. Por tudo isso, a Academia Maranhense de Letras manifesta-se contra qualquer tentativa de mudança do nome do Hospital Nina Rodrigues e ratifica o indeclinável respeito às lutas legítimas e reais de combate ao racismo e às injustiças sociais.
São Luís (MA), 27 de fevereiro de 2025.
LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA
Presidente
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