A Justiça do Maranhão decidiu, nesta quarta-feira (31), reconduzir Luís Felipe Oliveira de Carvalho, conhecido como Felipe dos Pneus (Republicanos), ao cargo de prefeito do município de Santa Inês, a 250 km de São Luís. Felipe foi afastado da prefeitura na terça-feira (30), durante operação contra uma organização investigada por fraudes em licitações, peculato, corrupção e lavagem de dinheiro. O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) apontou o prefeito como líder do grupo criminoso.
A decisão de reconduzir Felipe dos Pneus à Prefeitura de Santa Inês é da desembargadora Sônia Maria Amaral Fernandes Ribeiro, relatora da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, que havia pedido o afastamento dele do cargo.
No documento, a desembargadora informou que a medida foi tomada para evitar que o prefeito pudesse atrapalhar as investigações.
Em nota, Felipe dos Pneus negou as acusações, disse que está tranquilo e que está colaborando com a Justiça. O prefeito de Santa Inês afirmou ainda que “a verdade prevalecerá”. Na terça-feira (30), Felipe fez um pronunciamento nas redes sociais sobre a operação.
“Estamos aguardando tranquilamente as informações da Operação do Gaeco. Sou a favor da Justiça e acredito que a verdade sempre prevalece. Apesar de nos perguntarmos, a princípio, a quem possa interessar requentar fatos já esclarecidos. Como sempre, estamos à disposição e confiantes em seguir com o projeto de desenvolvimento de Santa Inês”, disse o prefeito.
Operação Tríade
A Operação Tríade, deflagrada na manhã de terça-feira (30), foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com o objetivo de cumprir 19 mandados de busca e apreensão em Santa Inês, São Luís, Raposa, Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Pinheiro, Codó, Davinópolis, Governador Newton Belo e Teresina (PI).
As investigações começaram pela Polícia Federal, por meio da operação “Free Ride”, realizada em 2022, que coletou informações sobre o suposto esquema. A PF informa que as fraudes giram em torno de licitações fraudadas e contratos superfaturados na compra de medicamentos e materiais de saúde, além de recuperação de estradas vicinais e serviços de engenharia para a Prefeitura de Santa Inês.
De acordo com as investigações, os contratos eram direcionados para favorecer empresas que enviavam propina a Felipe dos Pneus, com a atuação de dois articuladores, Antônio Neto Magalhães e Samuel Martins. O trio contava com a participação de servidores comissionados ligados à prefeitura para garantir a aparência de licitude das contratações.
O MP-MA aponta que, juntos, os investigados desviaram aproximadamente R$ 55 milhões de dinheiro público, que deveria ter sido destinado aos cuidados básicos da população de Santa Inês. Na Operação Free Ride, os contratos investigados totalizaram mais de R$ 8,5 milhões, envolvendo uma empresa que tem sede em Teresina-PI e deveria fornecer insumos hospitalares para Santa Inês.
Por fim, a Polícia Federal destacou que, mesmo com o alto valor dos contratos realizados pela Secretaria de Saúde de Santa Inês, faltava material básico no hospital e na rede pública municipal em determinas períodos. Sem seringas, soro fisiológico, fios cirúrgicos e remédios psicotrópicos, diz a PF, os cidadãos eram obrigados a procurarem atendimento hospitalar em municípios vizinhos.
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