Análise: Josimar ocupa reduto de Lula sem nenhuma influência de Bolsonaro / Foto: Reprodução

As críticas de Jair Bolsonaro ao deputado federal Josimar de Maranhãozinho cumprem neste momento um papel estratégico utilizado pelo ex-presidente como espécie de marketing semelhantes às da corrida eleitoral, como as cortinas de fumaça.

Para além de uma manobra política, a “tática diversionista” busca instaurar o caos no seu próprio partido, deixando a ‘chama’ do conflito no PL sempre ‘acesa’ como fez na época do PSL de Luciano Bivar.

Em entrevista à O Globo, Valdemar Costa Neto não poupou críticas à radicalização do partido em alguns estados, destacando que, no Maranhão, a realidade política exige uma aproximação com o eleitorado de centro-esquerda.

Ao ser questionado sobre o fato de PL ter-se aliado ao PT em São Luís nas eleições deste ano, por exemplo, o dirigente partidário afirmou que o estado vive uma realidade distinta.

“Há lugares no Brasil, como no Maranhão, onde não há esquerda e direita. Há gente com fome. Vamos ter de trazer esse pessoal para ganhar a eleição”, disse.

Bolsonaro não gostou do comentário e respondeu em vídeo.

“Não são todos, mas a maioria que tem que ser expurgado. ‘Ah, não tem bolsonarista lá’. Quer dizer que não tem pessoas honestas no Maranhão? Temos como fazer no Maranhão quatro ou cinco deputados federais que vão orgulhar o estado”, disparou.

Telhado de vidro

Além da cortina de fumaça, Bolsonaro se esquece de que tem telhado de vidro na família.  Ele não pode pedir expulsão de parlamentares do PL por serem investigados por supostos crimes de corrupção já que o seu filho, senador Flávio Bolsonaro, é investigado por rachadinha quando foi deputado estadual no Rio de Janeiro.

Triunfando sem Bolsonaro

Ao atacar lideres maranhenses do partido, Bolsonaro ignorou o próprio desempenho da sigla no Maranhão, considerado ‘reduto’ do presidente Lula. Em 2022, o PL saiu das urnas no estado com quatro deputados federais, enquanto o PT do rival elegeu apenas um.

Em 2024, o partido foi campeão de prefeituras no primeiro turno das eleições, elegendo 40 prefeitos em todo o Maranhão. Os resultados das urnas confirmaram a força do deputado federal Josimar, um conhecido líder político que fortaleceu a legenda bolsonarista no estado lulista, sem nenhuma influência de Bolsonaro.

A leitura que se faz desta campanha é simples: deve ser difícil para o ex-presidente aceitar que a força da agremiação partidária no principal reduto do seu rival esteja ocorrendo sem a sua influência política. Josimar não tem o ônus de ser bolsonarista, mas tem o bônus de ocupar um espaço favorável ao bolsonarismo sem Bolsonaro.

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