O ônus de provar o suborno caberá a Sabbaba, mas ficou claro que vereador deve ter cometido um crime.

Robin de Locksley, na versão mais difundida do mito inglês, foi um herói do século XII que enfrentou um sistema tirano de leis abusivas que oprimiam os pobres. Indignado com a injustiça, ele enfrentou o sistema e foi declarado fora da lei. Então, decidiu reunir um grupo que passou a roubar os nobres em favor dos pobres. Pelo uso do capuz, o “príncipe dos ladrões” ficou conhecido como Robin Hood.

No Maranhão, a história envolvendo o vereador da cidade de Cândido Mendes, Sababa Filho (PCdoB), pode ser invertida. Na semana passada, o parlamentar jogou pela janela da Câmara uma quantia de R$ 250 mil, sob a alegação que o dinheiro veio de uma tentativa de suborno para renunciar ao seu cargo. Ele acusou o prefeito Facinho, do PL, e o empresário Adson Oliveira.

Prova destruída

O problema, entretanto, é que – pasme! – “destruiu” a principal prova do suposto crime ao tentar virar ‘Robin Hood’ e entregar o dinheiro [obtido de forma ilícita] ao povo.

Buscando esclarecer o fato político que repercutiu no Brasil, o Fantástico – programa exibido pela TV Globo com moldes de uma revista eletrônica, revelou nesse domingo (13), que a situação pode complicar para Sababa Filho.

Licitude do dinheiro

Pelo menos foi isso que deu a entender o procurador-geral Eduardo Nicolau. Em entrevista, ele afirmou que as investigações correm em sigilo no Ministério Público (MP), mas disse que o grande objetivo é provar a “licitude do dinheiro”, que acabou desaparecendo com a atitude do vereador.

“Nós não podemos dizer o que que nós temos a mais, porque senão essas provas podem ser desmanchadas o problema todo é a licitude do dinheiro. É isso que nós estamos provando, a ilicitude do ato do vereador em jogar um dinheiro que não era dele e que ele diz que foi dado pelo prefeito para que ele fosse renunciar ao cargo”, afirmou o procurador-geral, Eduardo Nicolau.

Perguntas sem respostas

Sababa alega que sua atitude foi um ato de autodefesa que acabou juntando naquele momento a loucura com a coragem. Disse que após jogar o dinheiro, entregou seu celular ao Ministério Público do Maranhão, mas deverá explicar algumas questões que ainda estão no ar.

1.A primeira delas é a mais importante: por quais motivos o vereador não buscou a polícia ou o Ministério Público para fazer a denúncia?

2.A intenção era mostrar a atitude errada do prefeito ou explorar politicamente o fato grave?

3.Se não estava disposto renunciar, o que motivou o parlamentar a assinar a carta e registrá-la em cartório?

4.Sababa induziu o empresário envolvido com o objetivo de organizar um flagrante da tentativa de comprar sua renúncia?

Inverteu a lógica

Ao agir sozinho para depois mostrar para a cidade o que aconteceu, Sababa inverteu a lógica que, sem dúvida, deixa em xeque toda a história contada. Ao ser questionado sobre alguns pontos, diz que não é ele que tem que provar de onde veio o dinheiro. “Eu tenho que provar é quem me entregou o dinheiro”, disse o parlamentar.

Suborno é um ato ilícito que consiste na ação de induzir alguém a praticar determinado ato em troca de dinheiro, bens materiais ou outros benefícios particulares. No âmbito do Direito, o suborno está tipificado como crime de corrupção no Código Penal Brasileiro.

Discussão relevante

Na corrupção é melhor se ater aos motivos. A troco de que é a pergunta certa. A única discussão relevante no caso, por enquanto, é saber como Sababa conseguiu fechar o suposto acordo com interlocutores do prefeito?

Como o vereador fez para receber o dinheiro, redigir uma carta e ir ao cartório para validar o tal acordo e, nesse período, não ter comunicado o crime para a polícia? Qual era seu plano, afinal? Se o plano não seria obter ganho financeiro, o vereador aguardava receber alguma ‘vantagem’ política com o caso?

Ônus da prova

Corrupto passa recibo? Esta resposta terá que ser dada, em breve, pelo vereador candidomendense ao judiciário maranhense, pois o artigo 373 da legislação processo civil estabelece o ônus da prova como responsabilidade do autor. Isso quer dizer que é obrigação do autor apresentar garantias que assegurem seu posicionamento quanto ao fato.

Suposta prevaricação

Desde a repercussão do caso, pelo menos até que se prove o contrário, o que fica claro é que Sababa deve ter cometido um crime. No mínimo prevaricou, ou seja, sabia que um crime estava sendo cometido por um agente público e não fez nada contra isto.

O fato é que o parlamentar precisará provar que foi comprado pelo prefeito Facinho (cabe a ele provar) e mostrar que o dinheiro que recebeu é recurso público mesmo. E depois responder por pegar dinheiro público e jogar pela janela para a população.

Leia mais notícias em isaiasrocha.com.br e nos sigam nas redes sociais: FacebookTwitterTelegram Tiktok. Leitores também podem colaborar enviando sugestões, denúncias, criticas ou elogios por telefone/whatsapp (98) 9 9139-4147 ou pelo e-mail isaiasrocha21@gmail.com