Nunca fiz conluio com o MP nem tive sentença anulada, diz Dino a Moro

Lula revela-se, em privado, encantado com o desempenho de Flávio Dino. Exalta duas características: a “proatividade” no Ministério da Justiça e a “combatividade” nas comissões do Congresso. O presidente se refere ao ministro como “modelo” a ser seguido na Esplanada. A informação é do jornalista Josias de Souza, colunista do UOL.

De acordo com o analista político, o estilo e o linguajar rendem a Dino um subproduto muito valorizado no governo: engajamento nas redes sociais. Levantamentos internos mostram que ele é no momento o ministro mais bem posto nas plataformas digitais, habitat natural de Bolsonaro e seus devotos.

O desempenho de Dino nas redes é potencializado pela superexposição proporcionada pelos adversários. O ministro virou freguês de caderneta das comissões do Congresso. Foi convidado a prestar esclarecimentos quatro vezes em quatro meses. Tomou gosto. Na sua última performance, Dino foi presenteado pela oposição com a ribalta da Comissão de Segurança do Senado.

O ministro parece ter detectado o ponto fraco de bolsonaristas e assemelhados. Percebeu que os rivais, imaginando-se portadores de refinada ironia, engrossam logo que são confrontados com uma ironia mais hábil. Sempre que os rivais o tiram para dançar, Dino sai rodopiando.

Na comissão do Senado, o ministro ridicularizou o bolsonarista Macos do Val —”Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. Conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?”—, enquadrou o ex-colega Sergio Moro —”Fui juiz e nunca fiz conluio com o Ministério Público, nunca tive sentença anulada”—, iluminou os calcanhares de vidro do primogênito Flávio Bolsonaro -“O senador falou sobre narcomilícia e é um tema que ele conhece muito de perto”— e invocou o testemunho do astronauta Marcos Pontes para reiterar ao bolsonarismo que a Terra é mesmo redonda -“De todos os brasileiros, só ele viu.”

Ao oferecer tantas oportunidades para a evolução de Dino nos salões do Congresso, a oposição esquece uma regra básica da política: quem tem calos não deve se meter em apertos. Melhor dançar sozinho.

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