Os humoristas fazem uma plateia inteira rir porque conseguem falar o que todos gostariam de ouvir, mas não desejam falar. Exemplo: palavrões, machismos, homofobia, xenofobia, falar mal do time rival… O palhaço mexe com os desejos ocultos, com aquilo que todos pensam no íntimo; o palhaço é porta voz dos “um por cento vagabundo” de todo ser humano. É por isso que a piada pode mudar conforme a plateia. Ela precisa alcançar o pensamento secreto de uma classe social, uma faixa etária, gênero etc.

O prefeito de São Luís, Eduardo Braide, ontem, ao detalhar algumas medidas para “melhorar” o transporte público da capital maranhense, usou a estratégia dos palhaços, ou seja, mexeu com o senso coletivo das pessoas que estão angustiadas diante da greve dos rodoviários que entra no terceiro dia sem solução.

Braide alcançou os usuários que enfrentam muita dificuldade e pagam mais caros na tentativa de se deslocar até o seu local de trabalho. O prefeito mexeu com os desejos de liberdade ou de ir e vir. Para formular a piada perfeita, anunciou uma proposta de revisão do contrato de concessão do transporte público. Para isso, segundo ele, um projeto de lei será encaminhado urgentemente à Câmara Municipal.

Ao final da coletiva, os mais atentos perceberam que as medidas anunciadas não garantiram fim da greve. Com essa estratégia, ele pode ter levado as pessoas a seguinte reflexão: ora, a responsabilidade para o fim da crise, agora caberá aos vereadores em aprovar a lei?

Mas, além das “medidas” que não serviram pra nada, Braide nos brindou com mais um excelente “jogando para a plateia”. Dito procedimento, semelhante ao jogar para a torcida, que consiste em fazer pronunciamentos “enxuga-gelo” ou “enrola-enrola”, isto é, cuja contribuição social é nula, mas, como projeto pessoal, induzem incautos a aumentar dividendos de politiqueiros, através do jogo de cena, em momentos de comoção. Objetiva fazer “média com o eleitor” e o fim é o voto.

No caso de Braide, ao jogar para a plateia usando a coletiva de imprensa, acabou trazendo uma grave revelação, que foi percebida pelo titular do blog: ele suspendeu o subsídio aos empresários de ônibus, mas não reduziu a passagem que poderia beneficiar os próprios usuários do serviço, formado em grande maioria por seus próprios eleitores.

Ou seja, se fosse médico, uma excrescência: o prefeito solucionaria casos de dor de cabeça, cortando a cabeça dos pacientes. Se estivesse sendo sincero, de fato, o gestor da capital maranhense tinha reduzido as tarifas de ônibus usando o mesmo argumento que o motivou a não pagar o subsídio aos empresários do sistema. Se há um prefeito assim contra nós, quem será por nós?

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