Ser “patriota” nunca esteve tão na moda no Brasil. Vestir verde e amarelo, pendurar a bandeira na janela e cantar o hino nacional fazem parte do pacote do novo ‘orgulho brasileiro’. Um patriotismo muito devotado aos símbolos, mas desconectado do conceito de pátria, de nação.
O ufanismo brasileiro, que coloca a mão no peito frente à bandeira nacional, é o mesmo que critica o movimento que se opõe, por exemplo, a instalação de uma réplica da Estátua da Liberdade, de 35 metros de altura, em São Luís, cidade brasileira que tanto se orgulha de suas tradições culturais, de seu conjunto arquitetônico, de suas raízes históricas e de sua mestiçagem.
Cabe se destacar, que a minha crítica não é contra a instalação da réplica do monumento na capital maranhense, mas uma síntese para mostrar que não há patriotismo em considerar em nosso país um símbolo do poder americano.
O esquisitíssimo patriotismo do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, não é o único ponto que chama a atenção do titular deste blog. Além de professar seu ‘amor à pátria’ enquanto bate continência, literal e figurativamente, para símbolos americanos, Hang que é a versão empresarial do ‘patriotismo’ de Bolsonaro, também é o oposto de suas próprias proposições.
Isso explica alguns fatos contraditórios. Um deles é o mais curioso: embora o empresário seja um crítico da China, pelo menos até dez por cento dos produtos da sua rede de lojas são comprados no país comunista que ele tanto combate em público.
Nada contra emprego e renda. Nada contra o livre mercado. Também não se trata, amigo leitor, de uma crítica ao sentimento patriótico. Mas da percepção de que nossos símbolos foram sequestrados por um patriotismo aparente, sectário, incapaz de abraçar nossa cultura, nossas crenças, nossa gente. Um orgulho autocentrado, por um conceito deturpado de nação.
No Maranhão, temos muitas lojas com símbolos dos mais diversos que, assim como a Havan, também geram emprego e renda em nosso estado. Um exemplo é a Potiguar com seu boneco gigante. No entanto, diferente de Luciano Hang, um dos aliados mais fervorosos do chefe do Executivo Federal, nenhum outro empresário vive uma espécie de patriotismo às avessas, exaltando as cores verde e amarelo do Brasil, mas adorando símbolos do poder americano.
Sem um sentimento genuíno, o patriotismo à brasileira parece tão controverso quanto o episódio da independência, celebrado neste 7 de setembro. O grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga não nos livrou do destino de colônia. Separou o Brasil de Portugal, mas sob o jugo da monarquia e de uma baita dívida externa.
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