Entra ano, sai ano… e o que não muda é a qualidade do transporte público na Grande São Luís. Aliás, até muda, mas, quando muda, é pra pior! Os problemas que os usuários do Sistema Integrado de Transporte em São Luís (SIT) já sofriam antes da pandemia, em vez de serem solucionados, parecem ter piorado, entretanto, os empresários do setor querem culpar a crise sanitária, alegando redução na arrecadação e aumento de custos.
Por eles, o ano iria iniciar com mais um aumento de tarifas sem qualquer processo de discussão prévia com a sociedade, a maior interessada no assunto. O reajuste seria até justificável caso viesse acompanhado de melhorias significativas, o que nunca ocorreu desde a licitação em 2016. Frota e terminais continuam sucateados, há grande demora na espera por ônibus, muitas vezes em locais sem abrigo ou com abrigo nitidamente imprestável para os fins que foi instalado (caso de alguns pontos da cidade onde os abrigos não protegem do sol, muito menos da chuva). Isso sem contar a violência dentro do transporte público.
É raro quando um ônibus sai de um dos quatro terminais de integração com vagas para alguém se sentar, mesmo durante a pandemia, quando a orientação é para evitar aglomerações e para que os ônibus somente saiam destes espaços com todos os passageiros sentados. Não há fiscalização por parte do poder público, muito menos pelas empresas concessionárias quanto ao cumprimento das normas de prevenção à Covid-19 (que também valem para a epidemia da Influenza).
A bem da verdade, o poder público sempre deixou o transporte público ao alvedrio das empresas concessionárias, quase que intocáveis à necessária fiscalização, não apenas quanto à qualidade do serviço prestado à população, mas também em relação à própria sustentabilidade dessas empresas que recebem recursos públicos, como no caso de uma empresas de transporte que recentemente se tornou noticia por atrasar o pagamento de salário de funcionário e contribuições fiscais, gerando prejuízo a motorista, cobradores e a todos que dependem das linhas operadas pela companhia em questão.
A função de qualquer serviço público, como o transporte coletivo, não é gerar lucro, senão atender bem à sociedade. Porém, o que se tem visto é o contrário: as empresas que controlam o transporte na Grande São Luís têm muitos benefícios como isenções e incentivos fiscais (inclusive para compra de novos veículos), porém, em contrapartida, pouco devolvem à sociedade, apenas um serviço precário que há tempos é alvo de críticas.
O que há, na verdade, é uma verdadeira subserviência do poder público às empresas concessionárias do transporte na capital, a despeito de agora essas empresas não poderem mais financiar, pelas vias legais, as campanhas eleitorais. O governo precisa ter a firmeza de se posicionar mais a favor do usuário que em prol daqueles que muito lucram com o transporte coletivo.
A situação se agrava porque a capital maranhense não tem outra opção de modal para transporte público, o que torna os ônibus fundamentais ao dia a dia da metrópole maranhense. O VLT prometido desde 2012 não saiu do papel. Já o metrô e o BRT se transformaram em espécies de lendas urbanas.
O Sistema Integrado de Transporte em São Luís (SIT) não pode continuar sendo um ambiente propício à disseminação do coronavírs e da Influenza, como se a pandemia e a epidemia não fossem capazes de cruzar as portas dos ônibus ou as catracas dos terminais. Aqueles que dependem do serviço para se locomover merecem respeito, notadamente porque mesmo com o recrudescimento do número de infecções pelo coronavírs e pela Influenza, São Luís não pretende adotar medidas de restrição à circulação, às atividades econômicas e sociais.
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