Em meio à polêmica, prefeito de São Luís confirma denúncia de líder comunitário sobre ônibus novos que estão parados

Mesmo tendo comprado 46 ônibus escolares para uso exclusivo no serviço de transporte reservado para levar estudantes à escola na capital maranhense, a Prefeitura de São Luís tem, desde setembro de 2022, optado por contratos de locação de coletivos para o mesmo uso, deixando parados os veículos oficiais de sua propriedade a sete meses.

Em meio à polêmica que viralizou nesta quarta-feira (10), após a revelação de dezenas de ônibus escolares sem qualquer utilização, em um galpão da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), o prefeito Eduardo Braide (PSD), tentou usar justificativas para aliviar o impacto do desgaste.

Em postagens nas redes sociais, o mandatário ludovicense acabou admitindo o desperdício ao usar um drone para registrar imagens aéreas do local onde os veículos estão parados. Com um argumento fajuto, ele afirmou que os ônibus aguardam somente “emplacamento” para começarem a rodar.

“Fizemos o maior investimento no transporte escolas da história de São Luís. Adquirimos 46 novos ônibus escolares, com recursos do município (20 milhões de reais) para dar mais qualidade e segurança na ida e volta, para os nossos alunos da rede municipal de ensino. Os ônibus aguardam somente a documentação e emplacamento para começarem a rodar”, confessou o prefeito.

Tentando se vitimizar para convencer internautas desatentos, Braide ainda classificou de “perseguição” a atitude por parte do cidadão que cumpriu papel fundamental na fiscalização de seus representantes.

“A cada perseguição, mais trabalho”, concluiu o gestor maior da capital maranhense.

Aos fatos

A verdade é que o prefeito ludovicense ‘inovou’ na forma de rebater ‘fake news’: grava um vídeo sem off para mostrar justamente imagens dos veículos ‘guardados’ no pátio do patrimônio. Ou seja, ele rebateu as acusações, mas acabou confirmando as denúncias.

O argumento da falta de emplacamento também não convenceu. Segundo a Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), quando se adquire um veículo novo, ainda é possível transitar com ele dentro do período de 15 dias sem ter executado o emplacamento.

De setembro de 2022 à maio de 2023, período em que os ônibus estão sem emplacamento, Braide não teve nenhuma preocupação em regularizar a documentação dos veículos junto ao Detran e preferiu dispensar licitação para contratar por R$ 7,2 milhões a empresa Transporte Premium para prestar o serviço de forma precária.

O custo com a locação do transporte escolar poderia ser economizado caso os veículos novos que passaram a integrar a frota oficial do transporte escolar estivesse tendo alguma utilidade. Com R$ 7,2 milhões, por exemplo, a gestão municipal poderia usar para concluir a interminável obra do Hospital da Criança que já passa dos 10 anos.

Mesmo com mais de 40 ônibus parados, Braide contratou, sem licitação, empresa por R$ 7,2 milhões para prestar serviço de transporte escolar

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