Enéas Fernandes diz que SET deveria garantir 5% de aumento a rodoviários após subsídio. No entanto, ele não explicou o que motivou pagamento do aporte, mesmo após calote?

A greve dos motoristas de ônibus de São Luís que vem gerando o caos no transporte público desde a última quarta-feira (16) pode ter sido uma forma de pressionar a prefeitura por novos aumentos no preço da passagem.

A pressão que seria uma espécie de chantagem com o poder público, também levanta suspeita de conluio entre rodoviários e sindicato patronal. O problema, entretanto, é que a forma como essa paralisação tem sido conduzida desde o início dela também implica a prefeitura.

Isso ficou claro, por exemplo, durante entrevista coletiva do secretário Enéas Fernandes, titular da Secretaria Municipal de Governo (SEMGOV), nessa quinta-feira (17), para detalhar o termo de acordo do auxílio emergencial repassado ao transporte público da capital.

De acordo com o secretário, o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) deveria oferecer reajuste salarial aos rodoviários no percentual de 5%, e o reajuste do tíquete alimentação em 6%.

Segundo ele, desde novembro do ano passado, a gestão municipal tem auxiliado de forma emergencial o transporte coletivo urbano, com a dispensa de um aporte financeiro direto no valor de R$ 2.500.000,00 mensais, pelo período de três meses.

Ocorre, que mesmo com o repasse do subsídio, os empresários de ônibus não garantiram os 5% de aumento aos rodoviários. Apesar do “calote”, com o vencimento da dispensa do auxílio em janeiro de 2022, o sindicato patronal buscou a Prefeitura para solicitar a prorrogação dos repasses por dois meses, tendo a administração concordado com a repactuação.

Diante disso, cabe uma pergunta: se tomou conhecimento que os consórcios não estavam pagando o que tinha sido pactuado junto aos trabalhadores, por qual motivo a prefeitura seguiu pagando o aporte financeiro aos empresários?

A entrevista do secretário de Governo, Enéas Fernandes, trouxe mais dúvidas do que respostas e agravou ainda mais a situação de crise e suspeição. Afinal, hoje, mesmo com três secretarias envolvidas, a gestão municipal não conseguiu resolver o problema da greve que entrou em seu terceiro dia de paralisação.

Ou seja, embora a Secretaria Municipal de Transito e Transporte – SMTT seja a responsável pelo setor, quem vem executando o auxílio emergencial indireto, por meio do programa “Cartão Cidadão”, é a Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento – SEPLAN. No entanto, a Prefeitura convocou coletiva na tarde de ontem e chamou o titular da Secretaria Municipal de Governo – SEMGOV para explicar os custos do benefício.

Por conta disso, deixo mais uma pergunta: se é a SEPLAN e não a SMTT que gerencia os repasses de subsídio, por quais motivos a SEMGOV resolveu se envolver?

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