Em nova reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga possíveis irregularidades no transporte público de São Luís, realizada nesta terça-feira (8) na Câmara Municipal, a presidente do Sindicato das Empresas de Transporte (SET) disse que a tarifa para cobrir o “rombo” nas contas deveria ser de R$ 4,83.
Em seu depoimento, Jorgelle Matos Freitas disse que o reajuste de R$ 0,20 centavos na tarifa, que está em vigor desde 27 de fevereiro, só agravou o problema, já que com o aumento da passagem a prefeitura deixará de repassar ao sistema mais de R$ 2 milhões.
De posse de um relatório produzido pelo SET que aponta os impactos financeiros junto aos consórcios que operam linhas na capital, a representante dos empresários do transporte público afirmou que a situação é caótica.
“Nós estamos no caos. Podem não aceitar, mas isso é uma realidade. A situação é tão crítica que tem mês em que escolhemos o que pagar: se o salário dos funcionários ou a compra de combustíveis”, afirmou.
Jorgelle Matos disse que o custo do sistema é de R$ 25 milhões, mas a receita operacional das empresas era de R$ 19,2 milhões. Ela destacou ainda que, após o pagamento de subsídios por parte da prefeitura, essa receita pulou para R$ 23,2 milhões. No entanto, mesmo com o auxílio, o sistema de transporte seguiu operando com um déficit de R$ 2,2 milhões.
Em sua exposição, a presidente do SET apresentou os números de pagantes. Segundo ela, 54% é pago por empresas, 31% por passageiros eventuais (cidadão que passa tarifa em moedas) e 15% estudantes, conforme dados referentes ao mês de janeiro deste ano.
Sem entrar em detalhes, a representante das empresas de ônibus, falou ainda que o custo com gratuidades, no mesmo período, foi de R$ 6 milhões.
Omitindo informações
A metodologia que o SET usou para justificar o custo do sistema ignora dados importantes. Um deles, por exemplo, é sobre o ‘lucro’ com o confisco dos cartões-transporte.
Pouca gente sabe que o vale-transporte tem prazo de validade. O problema, entretanto, é que quando os créditos vencem, eles não voltam para o bolso o usuário. Segundo o edital de licitação do transporte, o crédito vai para um fundo para ser dividido entre os consórcios de empresas de ônibus.
A questão é que ninguém sabe quanto já foi arrecadado nos últimos quatro anos com as sobras que deixaram de ser usadas pelos passageiros? A representante do SET, ontem, durante seu depoimento, também fez questão de ignora.
No último sábado, mostramos a decisão judicial que condenou o sindicato das empresas de ônibus por “confiscar” quase R$ 2 mil em créditos do cartão-transporte de uma usuária do serviço. Levando em conta que 54% das tarifas são pagas por empresas, isso significa que quando os valores dos cartões de transporte vencem, as empresas lucram ainda mais com um ‘produto’ que compõe o sistema, mas fazem questões de ignorar.
O blog vai buscar o estudo do SET para que especialistas em economia, matemática, engenharia e computação possam analisar. O objetivo é chegar a uma conclusão: saber se os números fornecidos contrariam as políticas econômicas ou se chocam com princípios básicos de matemática financeira e de estatística.
Confira trechos do depoimentos:
Passageiros pagantes representam 71%
Tarifa deveria custar R$ 4,83
Déficit mesmo com subsídio
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Do meu cartao de vale transporte confiscaram R$ 1300,00. Quando liguei para o Set para reclamar, me disseram que os créditos pertencem aí Set e que após um ano sem uso, os créditos devem ser confiscados porque faz parte do contrato da tal licitação do transporte público em 2016, o problema é que a lisura desse certame não me convenceu. Os empresários alegam prejuízos, então deveriam largar o “osso”, e deixar que outras empresas explorem o serviço de transporte.