O juiz Gilberto Moura, da 2ª Vara do Tribunal do Júri do Maranhão, encontrou uma maneira nada prosaica de encerrar um debate com o advogado Frederico Carneiro durante uma audiência.

O caso aconteceu nesta quinta-feira (20), no Fórum Desembargador Sarney Costa, em São Luís.

Num momento da discussão, o advogado pedia que o magistrado tratasse ele e o promotor do caso com imparcialidade.

Gilberto Moura respondeu: “Aqui não tem imparcialidade, não”.

Como o vídeo é curto, não é possível saber o que motivou a discussão.

 

O que diz o advogado

Em contato com o blog na tarde de hoje, Frederico Carneiro disse que o clima começou a esquentar depois de o promotor Rodolfo Reis o chamar de cínico e afirmar que ele teria manipulado provas no processo para beneficiar seu cliente, réu em processo por homicídio.

O defensor disse que pediu respeito, mas foi novamente confrontado pelo representante do Ministério Público.

“Foi nesse momento, já um tanto exaltado, admito, que eu pedi ao juiz, que é o presidente do Tribunal do Júri, para que ele fizesse o promotor cessar as ofensas contra mim. Mas ele não atendeu e disse que não via nada demais na conduta do representante do MP”, declarou Carneiro.

Ele informou, ainda, que protocolará uma representação contra o magistrado, alegando que esse não é o primeiro registro do que considera “conduta incompatível” do juiz Gilberto Moura.

O que diz o juiz

Gilberto Moura deu sua versão do caso por meio de comentário no blog. Veja:

Caro Gilberto Leda.

Esse áudio não representa em nada o perfil desse signatário.
A bem da verdade, e, a título de esclarecimentos, para que dúvidas sejam dissipadas, o que faço em respeito ao público, bem como à comunidade jurídica em geral, na data de hoje, estava presidindo a seção de julgamento da 2ª vara do tribunal popular do júri, quando lá pelas tantas, e, com o velado propósito de tumultuar ou postergar o julgamento, tarefa que até então não tinha logrado êxito, o ilustre advogado do Réu começou uma discussão nada civilizada com o representante do ministério público.
No uso das minhas atribuições legais, solicitei ao referido causídico que se acalmasse, bem como que maneirasse no uso de termos e expressões inadequadas para o ambiente, o que foi suficiente para que ele se dirigisse a mim, dizendo que eu era “parcial”, pois dava tratamento diferenciado às partes, ou seja, ofendendo-me gratuitamente, para em seguida, abandonar o plenário do júri, mesmo sabendo que o seu cliente se encontra preso, e, como tal, a lei determina prioridade no julgamento.
Não quero de modo algum contestar o áudio, pois no seu conteúdo ouve-se a expressão “aqui não tem imparcialidade”.
Todavia, não sei por quais motivos e razões a pessoa que teve o cuidado de fazer a indigitada gravação, não foi zelosa em captar também, a correção da frase feita por mim em seguida. Não obstante, não considero nada disso relevante.
Pois, como se observa, nada do que foi divulgado me atinge, até porque a IMPARCIALIDADE tem sido e sempre será da essência dos meus atos jurisdicionais.
Sou egresso da valorosa e respeitada Polícia Federal, onde trabalhei por cerca de 13 anos.
Na magistratura maranhense estou judicando há mais de 26 anos, sem nenhuma mácula nos meus assentamentos funcionais, que possa denegrir a minha imagem e reputação.
Atenciosamente.
Gilberto de Moura Lima.