A combinação de juros altos, inflação e restrição de crédito para a compra de imóveis provocou uma queda no setor de venda e aluguel de imóveis em São Luís. De acordo com a Associação Brasileira do Mercado Imobiliário, é a maior crise no setor desde 2008 no Estado.
Desde julho do ano passado ficou mais difícil comprar um imóvel. As instituições financeiras diminuíram o valor que emprestavam para quem tinha um financiamento aprovado. Antes, até 90% do valor total. Agora, até 50%. Acrescente na conta recessão econômica e juros altos.
O resultado desse cálculo complicado, que soma proprietários interessados em vender e alugar, e diminui os empréstimos do bancos, está nas ruas. Dados do Sindicato dos Corretores de Imóveis mostram que de julho de 2015 para cá a queda nas vendas de imóveis chegou a 35%.
“Hoje não tem ninguém levando a melhor. Na verdade, tem proprietários de imóveis que precisam alugar esses imóveis, tem pessoas que precisam do imóvel pra residir, então aí tem de haver um acomodamento de interesses. O negócio só é bom quando é bom para os dois lados”, explica o diretor do Sindicato dos Corretores de Imóveis, Ivaldo Barros.
Com o crédito menor para comprar moradia, a quantidade de alugueis deveria ter crescido. Mas, na prática, não é o que está acontecendo. “As pessoas casam, alguém quer sair de casa, mas o que a gente tá vendo? As pessoas tem adiado planos. Tudo está sendo postergado. As pessoas, em função disso tudo, estão arquivando esses momentos, essas pretensões, pra esperar mais um pouco porque não tem sido de fato o melhor momento para investir em imóvel”, diz Virgínia Duailibe, da Associação Brasileira de Mercado Imobiliário.
O corretor Arthur Silva, que trabalha no setor há 10 anos, conta que ultimamente tem dado sorte. As vendas continuam bem difíceis, mas os aluguéis melhoraram de setembro para cá. Antes, conseguia dois alugueis por semana. Agora, três.
“Na cidade é o que a gente mais encontra, placas de ‘aluga-se’, ‘vende-se’, e na internet também. Quando a gente não usa a internet a gente vem tentar fazer a captação nas ruas pra tentar entender o nosso cliente da melhor forma”, diz.
Como o mercado está cheio de opções, tem gente preferindo baixar o preço a ficar no prejuízo. “A gente sente que os proprietários estão dispostos a negociar os valoes de aluguel para que o imóvel não fique fechado, não fique parado e ele fique movimentando. E, com certeza, não tenha despesa de manuntenção, condomínio, essas outras despesas que acabam onerando o orçamento de cada proprietário”, conclui Silva.