Os invejosos atrapalharam, mas não impediram o republicano de triunfar nas urnas; eles se deram conta de que o deputado agradou mais que eles mesmos

O deputado Duarte Junior (Republicanos), que perdeu a eleição com o dobro do crescimento do rival do 1º para o 2º turno, é um político esperto, inteligente, flexível, tem método, tem estratégia e sabe o que quer e como quer chegar.

Ao contrário da maioria esmagadora dos políticos, sabe jogar com a lógica do poder e usa os instrumentos de psicologia nas suas relações pessoais e com a sociedade. Por tudo isso, Duarte é um político com potencial que pode alcançar distâncias consideráveis dentro de um projeto de poder. Mas na política, como em qualquer outra área, tem algo perigoso que muitas das vezes é difícil de lidar: a inveja.

Duarte saiu das urnas em 2018, como o campeão de votos na capital maranhense e nos municípios da Grande São Luís. Sua votação, entretanto, passou a criar um problema para ele mesmo. E os sinais começaram a aparecer em fevereiro de 2019, quando assumiu seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa.

O tempo foi passando, o parlamentar começou a se destacar e problemas foram aumentando. A partir daí, formou-se um bloco parlamentar, com um único objetivo: impedir seu crescimento. Aos poucos, os invejosos iam se dando conta de que o deputado republicano estava agradando mais que eles mesmos.

O parlamentar, de fato, criou uma série de arestas na Casa. No entanto, alguns desses quiproquós foram apenas estratégias de desconstrução. Mesmo aos 34 anos, conseguia lidar com provocações e por várias vezes surpreendia com estratégias de um habilidoso enxadrista.

Nesse período, por exemplo, aprendeu que a política é um jogo de xadrez. Joga-se com paciência, muita estratégia e concentração, sendo os melhores não necessariamente mais agressivos, mas aqueles que conseguem preservar suas peças enquanto vão, pouco a pouco, minando as peças dos seus adversários.

Enxadristas estudam diversas aberturas. Abertura é o nome dado à parte inicial do jogo, em que o posicionamento das peças é essencial e todos os movimentos são previamente estudados com muito afinco. Ele nunca se enganou, pois sabia que cada peça – da rainha ao peão – é fundamental para que se possa estar bem posicionado para as outras duas etapas do jogo: o meio-jogo e o fim da partida.

No Palácio Manoel Bakeman, todos jogam também. O jogo político é um processo no qual, assim como no xadrez, qualquer erro pode sair muito caro, custando a vitória. Por isso, é necessária muita reflexão antes de se executar qualquer movimento. Naturalmente, alguns políticos jogam melhor que outros – não se pode esperar a excelência universal, afinal, alguém sempre precisa sair perdendo. Aprender com os erros também é importante nesse sentido, já que o erro de hoje pode ser a vitória de amanhã.

Nas eleições deste ano, os adversários de Duarte na Casa do Povo não jogaram a melhor das aberturas quando buscaram não formar uma coalizão, apostando em peças fracassadas. No segundo turno, conseguiram caminhar unidos, para se juntar a oposição em buscar de vencer o oponente.

A ‘união do ódio’ deu certo e fez o republicano perder o jogo. No entanto, o campeonato não acabou e Duarte terá de mudar a estratégia para não sacrificar algumas peças nesse processo. Contrariando suas convicções, entretanto, desejou boa sorte ao vencedor, se colocou à disposição para ajudar, mas afirmou que seguirá fazendo oposição ao eleito. Aliás, um movimento acertado.

Daqui há quatro anos, os que se juntaram em torno do projeto vencedor, mudarão o discurso novamente, adotarão nova postura e deverão se opor ao prefeito para buscar espaço perdido. Duarte, entretanto, terá a oportunidade de iniciar outra partida com uma boa abertura, estudando previamente seus movimentos e montando a estratégia mais adequada para atingir seu objetivo.

Em um jogo como o xadrez, pouco vale a sorte ou o acaso; no jogo da política, idem. Sentar para uma partida estando desprovido de uma estratégia e sem estudar é mais que perigoso: é fórmula certa para o fracasso. Mas Duarte dá sinais de que está disposto a amadurecer e à medida que crescerá, vai aprender a difícil tarefa de lidar com jogadores que devem insistir com as mesmas peças e movimentos.