No confronto promovido pela Band, quem se destacou foi a jornalista Daniele Bandeira que mediou o programa

Analista político precisa de língua grossa, porque é muito comum que tenha de mordê-la.

Não há risco de spoiler. O final da história pertence ao eleitor, e haverá sempre o risco de uma reviravolta surpreendente.

Assisti aos debate realizado pela Band Maranhão, na noite desta quarta-feira (25), entre os candidatos a prefeito de São Luís – Duarte Júnior (Republicanos) e Eduardo Braide (Podemos), mas minhas impressões foram as seguintes.

Braide e Duarte possuem algumas qualidades que poderiam garantir a vitória de ambos, mas preferiram trocar mais acusações do que soluções para os muitos problemas que atingem a maioria da população da capital maranhense.

De tanto um apontar mais os defeitos do outro do que falar de seus programas e aceitar que também errou, ambos deixaram no ar respostas sobre honestidade, uso do mandato para benefício próprio etc.

O programa teve duração de uma hora e meia, e um bloco foi reservado para perguntas e respostas sem intervalo e sem interferência da mediadora, a jornalista Daniele Bandeira. O embate contou ainda com as participações do jornalista Raimundo Borges (O Imparcial), do economista Felipe de Holanda, da professora Josy Bastos (UFMA) e do advogado Thiago Alisson.

Do pouco que deu para apurar sobre ideias com vistas à inovação da gestão pública em São Luís, nenhuma surgiu como novidade, já que todas vêm sendo anunciadas em outros debates, nos programas de rádio e TV e nas redes sociais. Cada prometendo milagres, tamanha a facilidade de resolver problemas que resistem há décadas.

Na área da Saúde, o candidato Eduardo Braide reforçou a intenção de construir uma maternidade na Cidade Operária, reabrir as do Anil e uma da zona rural, firmar convênio com a Santa Casa, e estruturar todas as unidades para que o atendimento de qualidade elimine as filas para marcação de consulta. Duarte Júnior, por sua vez, prometeu convênios com a rede privada e também prometeu zerar a fila de marcação de consulta.

Em termos de mobilidade urbana, Braide voltou a prometer melhoria no transporte coletivo com construção de três novos terminais, criação do ônibus expresso com ligação direta entre esses terminais, extensão do tempo de duração do bilhete único e melhorar as calçadas para que pedestres e cadeiras possam se movimentar com mais rapidez e segurança. Duarte sugere a transformação dos terminais de integração em mini shoppings, também quer ampliar o tempo de validade do bilhete único e renovar a frota de ônibus em 100%, toda ela com ar condicionado.

Braide prometeu novamente criar uma subprefeitura para a zona rural e levar assistência social e econômica a suas comunidades. Duarte disse que pretende criar um programa pelo qual possa valorizar a produção rural, abrindo mercado para seus produtores.

No campo da Educação, ambos prometeram aproveitar o aumento dos recursos do Fundeb para melhorar a qualidade de ensino, inclusive com mais conforto para as crianças nas escolas.

No debate da Band, quem se destacou foi a jornalista Daniele Bandeira que mediou o programa

Acusações – Como cada pergunta e cada resposta sobre esses temas trazia sempre acusações de um para outro, e nem sempre respondiam convincentemente, o telespectador pode ter ficado com a impressão de que os dois escondem alguma coisa sobre si, mas expõem muito os defeitos do outro.

Duarte Júnior, por exemplo, não desmentiu que tenha gasto mais de R$ 500 mil de verbas públicas com propaganda pessoal, que utilizou passagem e diárias da Assembleia para ir se filiar ao Republicanos, em Brasília; que usou dinheiro e estrutura do Procon para se eleger deputado.

Já Eduardo Braide não respondeu se utilizava verba indenizatória para custear moradia, quando deputado estadual; se também se beneficiou dos 20 salários que eram pagos anualmente na Assembleia; e mais uma vez garantiu não ser investigado por Polícia Federal ou Ministério Publico Federal.