Eles são escolhidos juntos pelo eleitor e passam a campanha eleitoral pedindo votos lado a lado. Na hora de governar, porém, a figura do vice é deixada de escanteio e quem comanda é o chefe do Executivo, nas esferas federal, estadual e municipal. Em Bacabeira, por exemplo, o histórico politico da cidade, mostra que todos os vice-prefeitos foram preteridos da gestão pelos titulares. No entanto, mesmo exercendo um papel inexpressivo na administração municipal, o cargo de vice ainda é desejado por vários líderes políticos bacabeirenses.
Definidos os principais pré-candidatos a prefeito, as atenções agora se voltam para a escolha dos postulantes ao cargo de vice que irão compor a chapa. Entre uma eleição e outra, a disputa entre partidos é sempre a mesma, em que cada qual quer ter a preferência na indicação do nome de quem será o companheiro dos favoritos à sucessão do cargo mais alto do Executivo municipal. Um interesse que não encontra respaldo na história recente do município, uma vez que, nos últimos nove mandatos, o vice eleito acabou desempenhando um papel ‘decorativo’ no dia a dia das administrações. Dizem até que vice só é importante durante a pré-campanha, no período de definição do nome. Outro ditado popular é que o bom vice é aquele que durante a campanha não atrapalha e durante o mandato não aparece.
O fato é que ninguém leva em consideração que, em Bacabeira, paira uma espécie de “maldição” em torno da figura do vice-prefeito, na medida em que os quatro últimos políticos que ocuparam tal função perderam importância ou desapareceram do cenário político local.
O atual vice-prefeito bacabeirense, José Arrumadinho (PSDB), é um exemplo. Ele acompanha o mandato do prefeito Alan Linhares (PCdoB) de longe. Sem ocupar sala ou despachar no centro administrativo, Arrumadinho, como é popularmente conhecido na cidade, não participa das decisões tomadas no gabinete e, especificamente, neste mandato, nem ao menos aparece nas reuniões do secretariado ou em eventos oficiais. Em três anos e seis meses de mandato, Arrumadinho não chegou a assumir nem por um dia a cadeira de prefeito.
Nas poucas vezes em que falou sobre o futuro, o vice de Alan, que soma oito anos consecutivos de mandato eletivo entre vereador e vice-prefeito, tem revelado a familiares que pode abandonar a política de forma ‘precoce’, justamente pela ‘insignificância’ do cargo. Como vereador, Arrumadinho conseguiu obter mais força do que como vice. No período em que passou pela Câmara, chegou a ocupar por algumas vezes o posto de chefe do legislativo.
Mas, como já foi dito, o caso de Arrumadinho é só exemplo. Os demais vices, considerando o período dos cinco últimos mandatos, também viveram experiências parecidas com as do atual vice quando ocuparam o segundo posto em hierarquia do Executivo de Bacabeira e todos, sem exceção, amargam decepções durante o mandato e hoje estão fora da vida política. O blog recorda do caso de Delson Nicolau Serra (PSDB), vice durante o último mandato de José Venâncio Correa Filho, o Venancinho (DEM), que durante sua passagem pelo cargo, de 2009 a 2012, chegou a ouvir conselhos para ficar longe do centro do poder. Após a eleição suplementar, ele teria sido convidado a ficar quieto em casa.
MAIS CAOS PARECIDOS
Martinho Castro Ducarmo Ferreira (PR), que foi vice na primeira gestão de José Venâncio Correa Filho, o Venancinho (DEM), entre 2005 e 2008, apareceu pouco durante a gestão e nunca mais se candidatou depois que a justiça eleitoral cassou seus direitos políticos. Irlahi Linhares (PMDB), que serviu no último mandado do ex-prefeito José Reinaldo Calvet (PV), de 2001 a 2004, até tentou se eleger prefeita na cidade, mas não obteve sucesso. Para conseguir alçar voos maiores, ela teve que transferir o domicilio eleitoral para Rosário, cidade que administra desde 2013.
Osvaldino Jose de Souza, vice no primeiro mandato de José Reinaldo Calvet (PSD), de 1997 a 2000, após deixar o cargo, abandonou a política partidária. Hoje vive em Peri de Baixo e se dedica à família.
DISPUTA PELA INDICAÇÃO
Neste ano, faltando pouco mais de três meses das eleições municipais de outubro, os dois únicos pré-candidatos já articulam para fechar a chapa: o prefeito Alan Linhares (PCdoB) que busca a reeleição e a empresária Fernanda Gonçalo (PMN). Se a escolha do cabeça de chapa já parece decidida, a indicação dos candidatos a vice-prefeito gera muita discussão e brigas entre partidos. No grupo de oposição, há desentendimento em torno da suposta escolha do ex-vereador Ubirajara Torres (PP) para compor chapa com a pré-candidata do PMN, conforme o blog revelou ao longo da semana.
Do lado da situação, o prefeito Alan Linhares também terá dor de cabeça para definir o nome. Linhares não deve repetir a chapa de 2012, pois pretende usar o cargo de vice para costurar com outros partidos, inclusive, da oposição. O comunista flerta com o PR, que já teria indicado a vereadora Dineide Ramos, como opção. Mas no grupo há quem defenda a indicação de outros integrantes da oposição.
Ao que parece, até o dia 05 de agosto, quando serão homologadas as candidaturas, muitos nomes devem passar pela mesa de negociação, mesmo o histórico politico de Bacabeira demonstrando que ser vice-prefeito tem significado o fim da carreira para os últimos cinco ocupantes do cargo.