Trabalhadores da Cooperativa de Transporte Alternativo de Rosário (Coopertrario) realizaram uma manifestação na Câmara Municipal de Rosário, na noite desta segunda-feira, 02, para protestar contra uma tentativa da prefeita Irlahi Linhares (PMDB), de entregar o terminal rodoviário do município aos interesses privados.
Os manifestantes saíram com os veículos da rodoviária do município, por volta das 17h20, e se concentraram em frente à sede do Poder Legislativo, no centro da cidade. O blog conversou ontem com uma comissão dos trabalhadores para ouvir as queixas. Eles alegam que o motivo da insatisfação com a chefe do executivo municipal é por conta de uma proposta da Prefeitura que dá exclusividade do transporte de passageiros na cidade somente à Cisne Branco, empresa responsável pela operação de linhas na região do Munim e Lençois.
Paulo Santana, representante da Coopertrario, que trabalha há 13 anos no transporte alternativo rosariense, classificou como um golpe aos interesses da população e uma afronta ao Poder Legislativo a forma usada pela prefeita Irlahi Linhares de privatizar a rodoviária.
— Eu trabalho há 13 anos no transporte alternativo de Rosário e confesso que é a primeira vez que me encontro nessa situação. Nunca antes na história deste município um gestor tentou prejudicar trabalhadores que ajudam a movimentar a economia da cidade. Fomos pegos de surpresa. Hoje, por exemplo, viemos aqui na Câmara buscar informações sobre o assunto, mas muitos vereadores também se mostraram surpreso com a ‘venda’ da rodoviária. Eu considero um golpe aos interesses da população e uma afronta ao próprio Poder Legislativo essa forma encontrada pela prefeita para entregar o terminal rodoviário à empresa Cisne Branco — declarou o trabalhador.
O senhor Miguel que atua há 9 anos no transporte alternativo do município acrescenta que a Estação de Rosário é o maior terminal rodoviário da região atendendo mais de mil passageiros por dia. Ele afirmou que o espaço público não pode ser entregue sem amplo debate anterior com a população, principal interessada em seu bom funcionamento. Segundo ele, privatizar o maior terminal da região, vai penalizar os ambulantes, motoristas e cobradores de vans e carros lotação, e principalmente os passageiros que poderão ser cobrados por taxas de embarques.
— A entrega da rodoviária aos interesses privados é mais uma entrega de um bem público. Estão vendendo nossa cidade. A venda do patrimônio público a uma empresa privada é vergonhosa. Nós dependemos do terminal para sobreviver. Além disso, muitas famílias também dependem deste espaço. Só pra se ter ideia, cada proprietário de van, emprega um cobrador que precisa sustentar esposa e filho. Assim como nós, outros profissionais que dependem da rodoviária para sustentar a família, também podem ser prejudicados. E os passageiros? Eles também podem ser cobrados por taxas extras, assim como já ocorre no terminal rodoviário de São Luís — desabafou.
PREFEITA FOGE DA RESPONSABILIDADE
Aliados da prefeita Irlahi Linhares tentam fugir da responsabilidade ao dizer que a decisão de ‘privatizar’ a rodoviária seria do governo do estado, através da Agência Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana (MOB). No entanto, fontes da autarquia estadual afirmam que o órgão não é responsável por bens públicos municipais. Eles informaram que a MOB é uma entidade de natureza autárquica executiva que integra a administração indireta do Poder Executivo do Estado do Maranhão e está vinculada à Secretaria de Estado de Infraestrutura. A Agência tem a responsabilidade apenas de desenvolver estratégias de políticas públicas de transporte e mobilidade urbana para promover o deslocamento acessível e de qualidade à população, por meio da fiscalização, regulação, planejamento e controle dos meios de transportes e sistema viário estadual.
VEREADOR SE DEFENDE DAS ACUSAÇÕES
O vereador Pedrosa Necó (PMDB) afirmou que desconhece a ‘privatização’ da rodoviária. Além disso, o parlamentar que é o líder do governo da Câmara, também se defendeu das acusações de que seria de sua autoria a proposta que dá exclusividade do transporte de passageiros na cidade somente à empresa Cisne Branco.
— Eu desconheço essa questão sobre a ‘privatização’ da rodoviária. Também não tenho nada haver com essa polêmica. Meu projeto de lei apresentado e aprovado nesta Casa em 2015 não versa sobre isso. Na verdade, o que fizemos foi apresentar uma proposta que confirmou o direito à meia passagem para todos os estudantes do nosso município na empresa responsável pelas linhas de ônibus que circulam em nossa cidade. A meia-passagem, um direito conquistado com muita luta, está garantida para todos os estudantes que poderão sair de Rosário para São Luís pagando apenas R$ 3 reais — esclareceu o edil.
CASO PODE IR PARAR NA JUSTIÇA
Como até agora não existe projeto de lei aprovado na Câmara e muito menos edital de licitação que escolheu a empresa responsável pela administração do terminal, a Cooperativa de Transporte Alternativo de Rosário (Coopertrario) já estuda reunir provas da ilegalidade para denunciar o caso à Justiça. Eles afirmam que estarão sempre na resistência para que a população não seja prejudicada.
— Vamos lutar contra a privatização para impedir que o patrimônio público seja entregue à iniciativa privada — prometem os manifestantes.
E MAIS:
O blog vai continuar a abordar sobre o assunto. O próximo post será sobre a falsa ‘integração’ criada pela prefeita rosariense. Integração, que não integra, nem mesmo os municípios da região. Rosário já faz parte da Região Metropolitana de São Luís, assim como Bacabeira, Santa Rita e Icatu, mas a ‘integração’ criada por Irlahi não integra, por exemplo, terminais do Sistema Integrado de Transportes (SIT), como já ocorre com os municípios de São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar.