Uma operação da Delegacia do Meio Ambiente desmontou nesta sexta-feira (6), no bairro Araçagi, em São Luís, um canil clandestino. Na casa onde funcionava o canil foram encontrados cães de raças variadas e todos se estavam em péssimas condições de saúde.
No local, os 18 cães se encontravam bastante sujos, magros e com feridas na pele. Alguns deles estavam isolados em quartos completamente escuros e imundos. Nos fundos da casa ainda foram verificados quatro animais mortos e escondidos dentro de sacos plásticos.
A veterinária Tarsila Passos que também esteve presente na operação policial revelou que o canil clandestino está em péssimas condições e muito propício para a proliferação de insetos e roedores. “Péssimas condições. O local é propício para carrapato, barata, rato”.
O canil Green City pertencia a um homem identificado como Alex Alves Itaboraí que teria alugado a casa há quatro anos. Segundo a administradora Claudia Freitas e dona do imóvel, no fim do ano passado Alex começou a atrasar o pagamento do aluguel. Foi, então, que ela descobriu que na casa funcionava o canil e decidiu denunciá-lo.
“A partir do momento que eu vim fazer um outro tipo de atividade aqui na casa. Fazer o levantamento de uma planta baixa eu vi as condições da casa. A casa tá acabada, os maus tratos dos animais. Eles todos ali presos, dentro de gaiola enferrujada, todos sujos, a casa fedendo. Aí eu me sensibilizei pelos animais e resolvi fazer a denúncia junto a Secretaria de Meio Ambiente, fiz o BO e me encaminhou pra Delegacia de Proteção aos Animais”, contou a administradora.
De acordo com o fiscal do Conselho Regional de Medicina Veterinária, José de Ribamar Ferreira Neto, o canil está irregular e não possui registro. “Junto com a delegada a gente vai tentar chamar as partes, que no caso é a médica veterinária porque parece que tinha uma médica veterinária aqui, a gente tem que saber com ela se ela sabia se o canil estava irregular no Conselho, ou seja, não tem registro. Se ela tiver ciente da situação ela não poderia tá atuando”.
Durante a ação da Delegacia de Meio Ambiente, muitas pessoas foram até o local por já terem tido problemas ao comprarem animais no canil. O projetista Rafael Lourenço que foi uma das vítimas diz que nunca recebeu o pedigree do Shih tzu que comprou há um ano pelo valor 1.700 reais. “Enrolava. Dizia que tava vendo. Aí depois inventou um papel que eu supostamente deveria ter e que eu nunca tive esse papel na minha mão e depois simplesmente parou de responder as mensagens, qualquer forma de contato”.
A delegada de Meio Ambiente, Ludmila Pimenta, afirma que o descaso com os animais não se trata de um simples caso de maus tratos e acrescenta que a situação será averiguada com todo rigor. “Diante da quantidade aqui a gente vai fazer um procedimento mais robusto. Diante das investigações e tudo mais nós vamos fazer um inquérito policial devido a quantidade de animais aqui em situação de negligência”.
A retirada dos animais também foi acompanhada pela Organização Não Governamental (ONG) Cães e Gatos de Rua. A vice-presidente da ONG, Juliana Raite, afirma que, a partir de agora, a ONG ficará responsável por levar os animais para o veterinário e, depois, encontrar um lar temporário até o que os procedimentos judiciais sejam concluídos.
“Eles vão ter que tomar banho. Feitos os procedimentos mesmo de tratamento desse animal e aí assim como os animais são da propriedade da Justiça, da Delegacia, não são nossos animais, não são mais animais do canil aí vão ser averiguados se há donos porque tem pessoas aqui reivindicando que tem documento. Tudo isso vai ser resolvido legalmente”, finalizou a vice-presidente.