A Prefeitura de São Luís informou que a taxa de vacinação da população adulta era de 80,01%, até a tarde da última segunda-feira, dia 21 de julho. A capital maranhense tem uma população a partir de 18 anos estimada em 732 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020.
No entanto, ao contrário do que destacou a versão oficial, um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz, divulgado na terça-feira (22), aponta que São Luís está entre as capitais brasileiras sobrecarregadas com a migração de moradores de outras cidades para vacinação contra Covid-19.
De acordo com o documento ao qual o blog do Isaías Rocha teve acesso, a capital maranhense registrou números expressivos de doses aplicadas em residentes de fora da cidade. Ou seja, os dados desmontam o ‘factoide’ do prefeito Eduardo Braide (Podemos) que coloca sua gestão como ‘modelo de vacinação’ para o Brasil. O levantamento apontou que a capital maranhense é, na verdade, um exemplo claro de ‘turismo da vacina’ no País.
O estudo analisou os dados dos locais de residência e de vacinação de todas as 515.701 de doses aplicadas até 10 de junho, de acordo com os registros do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).
Segundo os dados, São Luís, que lidera a lista de imunização no Maranhão com moradores de outros lugares, aplicou quase 30 mil doses de vacina em dez dos treze municípios da Região Metropolitana: São José de Ribamar (15.278 doses), Paço do Lumiar (10.539), Alcântara (656), Raposa (874), Rosário (851), Santa Rita (334), Icatu (315), Axixá (274), Bacabeira (262) e Morros (227). Apenas dois municípios da região – Presidente Juscelino e Cachoeira Grande – ficaram fora da listagem até o momento.
Vacinação sobrecarregada
A aplicação dos imunizantes em moradores de outras cidades maranhenses também sobrecarregou a vacinação na capital do estado. Entre os municípios que puxam essa lista constam: Pinheiro (1.446 doses), Santa Inês (1.299), Imperatriz (1.200), Bacabal (1.045), Viana (998), Itapecuru (815), São Bento (776), Chapadinha (741), Caxias (724), Bequimão (600), Barreirinhas (538), Guimarães (497), São João Batista (471), Pedreiras (466), Coroatá (451), Vargem Grande (430), Anajatuba (411), Barra do Corda (390), Mirinzal (387) e Codó (378).
“Turismo da vacina”
Os deslocamentos interestaduais para vacinação também chamam atenção. No total, São Luís aplicou quase 10 mil doses em residentes de capitais diferente como é o caso, por exemplo, de Teresina – PI (1.783 doses), São Paulo – SP (1.583), Rio de Janeiro – RJ (1.520), Brasília – DF (1.425), Belém – PA (915), Manaus – AM (348), Recife – PE (310), Belo Horizonte – MG (306), Goiânia – GO (265), Salvador –BA (259), Palmas –TO (194), Macapá – AP (194) e Natal – RN (174), com um total de 9.276 pessoas de outras capitais vacinadas em território ludovicense.
Documento
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As suspeitas de contaminação da cepa indiana da covid-19 fizeram o município ser beneficiado com uma remessa extra de imunizantes no dia 24 de maio. Isso pode ter contribuído com o movimento que vem sendo chamado de “turismo da vacina” na cidade.
A preocupação é que a tendência de crescimento dessas migrações possa trazer risco para aplicação de segundas doses. De acordo com o monitoramento, alguns fluxos podem ser resultado da incapacidade de atendimento da região de origem para imunização ou a atração que a cidade ludovicense com o calendário avançado exerce sobre moradores distantes que desejam receber a vacina.
Caminho inverso
O estudo também aponta um caminho inverso: moradores de São Luís que foram imunizados em outras cidades, por falta de vacinas na capital maranhense. Esse, entretanto, é um assunto que iremos abordar na próxima matéria. Uma coisa é certa: o estudo acabou jogando luz em relação ao que foi dito sobre as ações de imunização adotadas pela administração municipal. Talvez isso possa explicar a falta de transparência da atual gestão bradista com dados relacionados à campanha de vacinação contra a Covid-19 nos canais oficias da prefeitura ludovicense.
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