Os bolsonaristas amam acreditar nas mentiras de Bolsonaro, amam de verdade. E depois que descobrem que foram enganados, não se incomodam nem um pouco com isso.
Foi assim durante a pandemia, por exemplo. Acreditaram no tratamento precoce com drogas comprovadamente ineficazes. Nem ligaram quando o vírus passou a matar muita gente.
Foi assim também durante o combate travado por Bolsonaro contra as urnas eletrônicas. Não deixaram de votar porque sabem que as urnas são seguras, mas apoiaram Bolsonaro.
Está sendo assim, agora, que Bolsonaro e seu pessoal de campanha celebram como vitória o resultado do primeiro turno das eleições do último domingo. Mas, vem cá: que vitória?
Bolsonaro disse que seria reeleito com 60% dos votos. Com 48,43% dos votos válidos, faltou apenas 1,57 ponto porcentual mais um voto para que Lula liquidasse a fatura, um tiquinho só.
Basta a Lula conservar o que tem e atrair mais 1.855.347 de votos para se eleger. Para se eleger, conservando o que tem, Bolsonaro precisa de mais 8.042.518 votos. Parada bem mais difícil.
No Sudeste, região com maior número de votos, Bolsonaro ficou menor. No primeiro turno contra Fernando Haddad (PT) em 2018, ele obteve em São Paulo 53% dos votos válidos. Agora, 47,71%.
Embora paulista, Bolsonaro se tornou político no Rio de Janeiro, onde há quatro anos derrotou Haddad com quase 60% dos votos válidos. Agora, contra Lula, mal passou dos 51%.
Os bolsonaristas estão prontos para acreditar na mais recente mentira dele: a de que, uma vez eleitos, seus aliados, a partir de hoje, irão suar a camisa para elegê-lo no próximo dia 30.
Os que se elegem não estão dispostos a gastar dinheiro, energia e lábia para eleger candidato a presidente que dizem apoiar. Poucos os fazem. A maioria declara o voto e vai cuidar da própria vida.
O cafezinho do presidente em fim de mandato só é servido quente quando sua reeleição parece certa. A de Bolsonaro não parece. (Com informações do Ricardo Noblat, Metropoles)
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