Há dois anos, Eduardo Braide se consolidava no topo das pesquisas de voto no 2º turno, garantindo o favoritismo para se tornar o novo prefeito de São Luís. Sua vitória recebeu a colaboração dos cidadãos das periferias, que apostaram nas mudanças de uma nova gestão. Um ano depois de empossado, moradores das mais diversas comunidades, setores do segmento empresarial, servidores públicos, líderes sindicais, conselheiros tutelares e até vereadores sentem a falta do diálogo e de algumas promessas feitas durante a campanha.
Apesar de sair vitorioso em todas as regiões da capital, a adesão ao então candidato do Podemos por parte da periferia ludovicense nunca se tornou significativa. Populares de alguns bairros periféricos da cidade ouvidos pelo blog revelam nunca ter acreditado no atual prefeito e seguem insatisfeitos com a atual gestão que já enfrentou duas greves em cinco meses: uma no sistema de transporte e outra na limpeza urbana.
A situação negativa também é apontada por conselheiros tutelares. Eles, assim como os servidores municipais passaram o ano passado todo tentado, sem êxito, uma pauta com o chefe do Executivo. O gestor, entretanto, se negou a atender os inúmeros ofícios protocolados no Palácio La Ravardière.
Sabendo que Braide estaria na semana passada nas dependências do Socorrão II para inaugurar uma ala da unidade de saúde, funcionários resolveram cercar o prefeito. No corredor do hospital, forçaram um diálogo, mas visivelmente constrangido com a cena, o prefeito fez “ouvidos de mercador” para as reivindicações.
O Plano Diretor, principal legislação urbanística da cidade, também tem sido origem de preocupação para o setor empresarial, pois o segmento chama a atenção para a falta de diálogo da Prefeitura com a sociedade visando a atualização da norma, uma vez que o gestor do município, até o momento, não realizou nenhum debate acerca do assunto.
A falta de diálogo também se reflete na Câmara de São Luís. Das poucas vezes que buscou uma conversa com a base, foi para pedir apoio aos projetos de interesse do Executivo que estavam em tramitação. No entanto, quando se tratava de inaugurações de obras ou anúncio de investimentos em alguma região da cidade, o prefeito ignorava os parlamentares.
Com a eleição para presidência da Câmara Municipal, marcada para a primeira quinzena do próximo mês de abril, Braide está nas cordas e à beira de alguma loucura política. Com seu ego inflado, ele não aceita a articulação formada por um grupo de 18 vereadores em torno do vereador Paulo Victor, na disputa pela Mesa Diretora da Casa. O “time”, como o próprio grupo se denomina, se formou para ir à “campo”, usando aquilo que o prefeito mais menospreza: conversa e dialogo.
A situação desfavorável ao grupo governista em torno da disputa é culpa do próprio Braide. Ao longo de 2021, o prefeito teve uma grande dificuldade para dialogar com sua base. E o diálogo que é o ato de falar e ouvir, é algo bastante comum nas democracias, pois sem diálogo não existe solução.
Em meio ao desespero, o gestor ludovicense tenta fazer em um único mês o que não fez ao longo do ano: ouvir os vereadores aliados que hoje rejeitam conversar com ele. Os dias vão se passando, a confusão vai aumentando. Mas, ao invés de somar força, Braide tenta implantar o autoritarismo. E a cada negativa de tentar mudar o placar na eleição, sua exasperação aumenta.
Cabe ao prefeito recuar para evitar um perigoso confronto de Poderes. Com três anos pela frente, ele tem o desafio de recuperar a confiança, primeiro com os aliados, depois com o servidores, em seguida com os empresários e, por fim, com a população. Se há um ano atrás o sentimento era de expectativa, agora, a sociedade começa expressar preocupação.
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