A semana foi marcada por muitas coisas e imagens inusitadas dentro do contexto horrendo que o Brasil viveu com as manifestações do dia 7 de setembro. Uma das notícias dizia respeito a uma estátua de Bolsonaro que havia sido entregue ao presidente no Palácio do Planalto, nas vésperas das manifestações.
A outra era um vídeo, contido na página do próprio presidente no Facebook em que um homem, sustentando na grade que separava os simpatizantes do Planalto, gritava: “Estamos com o senhor! Crentes, espiritas, católicos, evangélicos, estão todos com você. Vai em frente!”. Parei, silenciei. Ouvi de novo. Deixei o celular de lado, me ative e fiquei pensando: o que é isso?
São brasileiros, cidadãos e cidadãs, que fortalecem o Messias e o seu projeto de Reino. São eles que fazem de Jair Messias uma estátua (ídolo) e atestam, religiosamente, o seu messianismo. Estamos diante de uma complexidade. Aqui, podemos conceber que no Brasil, há quem tenha ‘devolvido Jesus ao sepulcro’ para seguir outro Messias.
Eles sepultam ou sepultaram o Messias que incomoda, para seguir o Messias que lhes agrada, e continuam dizendo que são cristãos! Esses transformaram-no em “Deus”, aquele que o presidente diz estar acima de todos.
Chegamos a um momento em que não temos um Brasil dividido, mas contextos divididos. E a política parece ter conseguido lançar luz sobre duas coisas até então niveladas em mesmo significado: religiosidade e cristianismo. A ideologia do Bolsonaro incutida nos bancos das igrejas age como um divisor daquilo que não tem condições de se misturar: os fanáticos pela religiosidade (aqui podemos ler os terrivelmente católicos, os terrivelmente evangélicos, os terrivelmente devotos, etc.) que seguem as linhas de interesses e o Cristianismo, que segue um projeto de vida.
A impressão que temos é a razão pela qual intitulo esse artigo: há ‘cristãos que adoram a outro Messias. Esses frequentam os templos, “andam com bíblia embaixo do braço, ou terços, ficam horas em adoração, cultos”. No paralelo acontece o Cristianismo: aqueles que entendem que a vida está em primeiro lugar, que não precisam de templo, e que aceitam ser incomodados por Deus. Esses creem no Deus que desce e habita no meio, ao invés de um Deus que permanece nas alturas, acima de tudo e de todos.
Uma coisa podemos atestar: Bolsonaro é mestre, tem discípulos e tem poder. Seu Evangelho é aquele que é dito para agradar alguns, seus versículos estão possuídos de interesses. Seus discípulos parecem o seguir com mais fidelidade do que os discípulos de Jesus. Seu poder tem efeitos extraordinários para confundir e para dividir.
Ele é tão Messias que chega a atrair multidões. Porém, corre das cruzes e dos calvários, corre dos gólgotas do Brasil e dos brasileiros, corre dos feridos, dos coxos, corre dos pobres, dos que pensam diferente. Ele não manda guardar a espada na bainha, mas manda as usar. Chegamos a ver na última terça-feira (7) manifestantes com camisetas escritas: “Amai-vos uns aos outros”. Isto é o bastante para entendermos sobre cristãos que ‘adoram’ outro Messias. (Com informações de Vinicius Figueira, de A Gazeta)
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Não sei quem é o autor do texto, se o titular do blog ou outra pessoa, mas ele descreve uma verdade nua crua e dolorosa para muitos. A mistura entre o cristianismo e o bolsonarismo se transformou numa promiscuidade espiritual porque o Jesus da Bíblia e seus ensinamentos são a antítese de tudo o que prega Bolsonaro, por isso eu não entendo como o presidente conseguiu cooptar um número expressivo do rebanho da igreja evangélica brasileira. Arma de fogo e bíblia não têm nenhuma relação de afinidade, a primeira é a bandeira do bolsonarismo; a segunda, do cristianismo.