Alguns escândalos já aconteceram no futebol brasileiro, desde árbitros tendenciosos até contratos superfaturados de estádios e até roubo da taça da Copa do Mundo. Recentemente, o futebol brasileiro voltou com tudo às páginas policiais. A Operação Penalidade Máxima II, tocada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), investiga a manipulação e ações indevidas no esporte mais popular do país.

O esquema envolve jogadores e grupos criminosos, que ganham dinheiro com apostas relacionadas a lances específicos em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de partidas dos campeonatos estaduais. As competições analisadas são de 2022.

Desde o fim do ano passado, 16 pessoas são investigadas ativamente pelo Ministério Público e vários outros atletas são citados durante o processo. Alguns, por sinal, foram banidos do esporte ou afastados por tempo indeterminado de suas equipes até que as investigações sejam encerradas.

Nenhum dos sites de apostas de futebol é acusado de envolvimento. Os promotores estão tratando-os como vítimas, já que foram lesados pelos golpes. Mas o caso criou um debate sobre a grande popularidade das apostas e o momento de desenvolvimento comercial do futebol brasileiro.

Com a aquisição de times e a proposta em andamento de criação de uma nova liga nacional, ambas apoiadas por muito capital estrangeiro, a manipulação de pelo menos oito jogos da primeira divisão chegou a questionar a integridade do esporte.

Em 2023, a previsão do mercado é que o Brasil movimente R$ 83 bilhões (US$ 17 bilhões) com as apostas esportivas, com R$ 5,82 bilhões em receita bruta de jogos. No entanto, como não há uma regulamentação da atividade, os sites de apostas administrados sob jurisdições estrangeiras não estão sujeitos a nenhuma regra ou tributação brasileira.

Enrico Nazaré, especialista em apostas esportivas e gerente de conteúdo do site ApostasBrasil.com, avalia que essa é a principal razão para as fraudes. “Sem regulamentação, você não pode se equiparar às melhores práticas internacionais. Quanto mais formalizado for o mercado, mais efetivo será o controle das atividades criminosas.” diz ele.

O Governo Federal já está formulando regras para o setor, mas como seu apoio no Congresso é fraco, alguns acreditam que os ministros vão aguardar o fim da CPI das Apostas para redigirem o texto final. Esta incerteza é negativa tanto para as empresas de jogos quanto para os apostadores, que têm poucos recursos jurídicos para reclamações no Brasil.

Mesmo que as apostas esportivas não estejam totalmente contaminadas pelo esquema fraudulento, Enrico teme contratempos em uma campanha mais ampla para liberalizar totalmente o jogo e permitir cassinos no Brasil. Para ele, aspectos das regras propostas podem empurrar os apostadores para plataformas não regulamentadas.

“Um imposto de 30% sobre ganhos acima de R$ 2.112 e o fato de que as máquinas virtuais de blackjack, roleta e caça-níqueis permanecem proibidas quando operadas no Brasil, podem fazer com que algumas pessoas procurem por sites ilegais, criando mais um problema.”

Os sites de apostas dizem ser necessário prevenir fraudes e promover ações para detectar e relatar atividades suspeitas, além de educar os apostadores. Já os clubes e autoridades esportivas estão sob pressão para fazer o mesmo pelos atletas. Com grandes mudanças em andamento no lado comercial do futebol, muita coisa está em jogo.

“As consequências serão gravíssimas se não tratarmos o assunto com a seriedade que ele merece. Se for uma resposta fraca, pode gerar uma crise de credibilidade no futebol”, finaliza Enrico. (Com informações de O Imparcial)

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