SÃO LUÍS, 23 de abril de 2024 – Os ganhos proporcionados pela adoção da Tarifa Zero, projeto aprovado na segunda-feira, 22, pela Câmara de São Luís, vão muito além dos benefícios para os sistemas de transporte público. É o que aponta estudo divulgado pela Associação Nacional dos Transportes Públicos (NTU) trazendo um balanço da adoção do programa nas maiores cidades do país.
A pesquisa comparou dados antes e depois da adoção da medida em 12 cidades brasileiras. Todos os municípios analisados registraram um aumento na procura por viagens de ônibus. Esse crescimento variou de 33% a 371%. Leia a íntegra do estudo (PDF – 2 MB)
O aumento na procura por viagens de ônibus nas cidades fez com que as concessionárias do serviço aumentassem suas frotas de veículos.
O estudo valida o que São Paulo confirmou recentemente, após adotar a Tarifa Zero aos domingos (aumento de 31% na demanda de passageiros), assim como outras cidades que implantaram ou já experimentaram o modelo.
A NTU observou que, em 8 das 9 cidades que divulgaram os dados das evoluções de oferta e demanda, houve um aumento na quantidade de ônibus circulando nas ruas.
O estudo indica ainda que a medida vem sendo adotada principalmente por cidades pequenas: 71% das cidades brasileiras que implementaram a tarifa zero no transporte público possuem menos de 50.000 habitantes.
No total, 124 cidades adotaram essa política. Desse total, 106 (85,5%) aplicam a tarifa zero de forma universal, em todas as linhas e em todos os dias da semana.
Das 106 cidades que possuem a totalidade do sistema de transporte coletivo contemplado com tarifa zero (106), só 31 possuem população superior a 50.000 habitantes. Caucaia (CE) é o maior município, com mais de 355 mil moradores.
O tamanho das cidades é um fator importante para os bons resultados da medida. Em todas as cidades analisadas o custeio da prestação do serviço de transporte público por ônibus é realizado com recursos públicos.
Dessa forma, um aumento na frota de ônibus para atender o crescimento da demanda é menos custoso do que acompanhar o aumento na procura de uma cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro.
“Em termos populacionais, a maior parte das cidades com tarifa zero são pequenas, com sistemas de transporte público coletivo que realizam um número reduzido de viagens. Nesse sentido, para as cidades maiores, o maior desafio é encontrar fontes extratarifárias de receitas para o custeio da prestação do serviço e para que haja o equilíbrio econômico-financeiro ao abrir mão da receita tarifária auferida via cobrança das tarifas públicas”, diz o estudo.
Além do aumento na procura de ônibus desafogar o trânsito, a pesquisa identificou benefícios na dinâmica social e econômica nas cidades. Em São Caetano do Sul (SP), por exemplo, notou-se uma diminuição do índice de remarcações de consultas médicas na rede do SUS (Sistema Único de Saúde).
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