Ultimamente, e por seguidas vezes, ao refletir sobre a gestão do prefeito Eduardo Braide em São Luís, me vem à memória aquela antológica sequência final de cenas do filme Titanic, afundando rapidamente sob o som inabalável da orquestra de violinos, que continuava a tocar, como se nada de extraordinário estivesse acontecendo.

Era como se fosse a própria marcha fúnebre, pois o que estamos constatando hoje na capital maranhense é a absoluta falta de rumos e; o que é pior; de perspectivas, algo assustadoramente trágico. Vivemos um quadro em que se mesclam omissão, apatia, desânimo. Há um sentimento generalizado de descrença, pessimismo e impotência.

Tudo vai sendo conduzido sob os mais estritos interesses pessoais e imediatistas, tudo se resolve por conchavos, nos bastidores, na calada da noite; literalmente, em locais insuspeitos, e de forma casuística. O mais estranho é que todos os movimentos são mais ou menos previsíveis, e os personagens, mais do que conhecidos. A desfaçatez e a hipocrisia estão escancaradas; a mentira, a manipulação e a mistificação são deslavadas.

Essa semana, por exemplo, os escândalos envolvendo o Palácio de La Ravardière – sede da Prefeitura de São Luís, evoluíram das suspeitas na má aplicação do investimento de R$ 7 milhões com adesivos das lixeiras para um convênio no valor de R$ 2,4 milhões com o Centro Assistencial Elgita Brandão, entidade que tem como um dos fundadores, o próprio ‘secretário adjunto’ da Saúde.

Curioso é que além de confirmar a denúncia, um comunicado assinado pelo secretário Municipal de Saúde, Joel Nunes Júnior – o Dr. Joel, comprovou também que o médico Egídio de Carvalho Ribeiro estava cometendo um crime ao infringir o art. 324 do Código Penal, exercendo função pública, de maneira precária e irregular, já que não está nomeado para o cargo.

Antes da semana terminar, mais uma situação envolvendo a gestão Braide veio à tona: a exoneração da enfermeira Mágila Santos, braço direito do ex-secretário Lula Fylho, no dia em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempo Real para apurar fraude na aquisição de equipamentos destinados ao combate à pandemia da covid-19 em São Luís, fez o prefeito ascender o alerta de perigo real.

Advogado, formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ex-deputado, casado, e pai de 3 filhos. Eduardo Salim Braide, com 45 anos, se dizia pronto para administrar a capital maranhense. Para os seus eleitores, representava algo  necessário para fazer avançar uma cidade quatrocentenária que parece parada no tempo.

No dia em que completou 100 dias, o chefe do executivo ludovicense fez um balanço, mas não gostou do que viu, principalmente, do amadorismo por parte da equipe. Ciente da situação ruim, ele promete um choque de gestão. Teria declarado que o ‘governo virou um barco à deriva’.

É evidente que, se tivéssemos um prefeito um pouquinho mais preparado, talvez não tínhamos que conviver com essa sensação de continuidade ou que nada mudou. Em vez de culpar adversários por eventuais fracassos, Braide deveria fazer uma espécie de regressão, ter um pouco mais de humildade e reconhecer que a verdadeira mudança começa reconhecendo que nós não somos perfeitos e nem sempre estamos preparados para importantes desafios.