Os congressistas do Maranhão estão cada vez mais conscientes de que divergências políticas e partidárias se dão no dia a dia, na relação entre situação e oposição, mas também que quando o assunto em pauta é o Maranhão e o interesse coletivo, essas diferenças são momentaneamente mandadas para o espaço, para dar lugar ao surrado, mas eficiente, ditado segundo o qual a união faz a força. Uma boa e produtiva demonstração disso foi a mobilização dos deputados federais maranhenses contra a paralisação das obras de duplicação da BR-135, entre o Estreito dos Mosquitos e Bacabeira, num movimento que fez o Ministério dos Transportes sustar o arquivamento e garantir que a obra não vai parar e que será concluída ainda neste ano.

A mobilização da representação parlamentar do Maranhão em Brasília foi, na verdade, o desdobramento de uma grita feita na semana passada pelo deputado estadual Eduardo Braide (PMN). Em discurso estridente e mal humorado, feito na Assembleia Legislativa, o parlamentar anunciou, em tom de denúncia, que fora informado pela direção regional do DNIT, que a obra, que havia sido paralisada por causa das chuvas, não seria retomada por falta de dinheiro. Tanto que, por não receber pagamento de medições vencidas, a empreiteira responsável pela obra estava inclusive demitindo trabalhadores e desativando o canteiro. Braide foi duro com o Governo Federal, tachando a decisão de “uma grave irresponsabilidade”.

De imediato, outras vozes, que já vinham reclamando da morosidade das obras, se somaram à do parlamentar do PMN, contribuindo para criar um ambiente de “pé de guerra”. Sua iniciativa incentivou manifestações como a do deputado César Pires (DEM), que defendeu a mobilização como único meio reverter a paralisação.

A grita feita no plenário da Assembleia Legislativa ecoou no Palácio dos Leões e caiu como uma bomba na bancada federal. A revelação de Eduardo Braide gerou uma cadeia de desdobramentos, que levou o governador Flávio Dino a pedir posicionamento dos deputados federais a ele ligados, o que acabou por mobilizar praticamente toda a bancada. Numa rápida articulação, um grupo formado por Pedro Fernandes (PTB), Hildo Rocha (PMDB), Weverton Rocha (PDT), Rubens Jr. (PCdoB), Waldir Maranhão (PP), Aluísio Mendes (PTdoB), Victor Mendes (PV) , Júnior Merreca (PEN) e João Marcelo (PMDB) bateu às portas do Palácio do Buriti para expor o problema e pedir o apoio do vice-presidente Michel Temer (PMDB), agora o homem forte do governo Dilma Rousseff.

O mesmo grupo, agora reforçado pelo deputado José Reinaldo Tavares (PSB), que foi ministro dos Transportes e conhece o caminho das pedras, reuniu-se com o ministro Antônio Carlos Rodrigues, que orientado pelo vice-presidente Michel Temer, garantiu que as obras serão reiniciadas imediatamente e a duplicação da BR-135, no trecho que liga o Estreito dos Mosquitos à cidade de Bacabeira será concluído até o final deste ano.

Nas falas que marcaram as reuniões com o vice-presidente Michel Temer, que é o articulador político do governo, e com o ministro dos Transportes, que é o responsável maior pela obra, os deputados argumentaram que a representação do Maranhão é quase integralmente parte ativa da base do Governo na Câmara Federal, votando sempre de acordo com a orientação do Palácio do Planalto, só divergindo em itens sem maior relevância. Daí não fazer sentido que o Governo interrompa uma obra rodoviária de importância vital para a integração e o desenvolvimento do Maranhão, como é a duplicação da BR-135. A começar pelo fato de que a rodovia é a única ligação por terra da Ilha de Upaon Açu com o resto do mundo e que hoje está estrangulada e transformada em palco de muitas tragédias.

A política é, como se sabe, a arte do possível. Daí ser politicamente correto quando, por exemplo, deputados como Rubens Jr. (PCdoB) e Aluísio Mendes (PTdoB), que representam correntes radicalmente opostas no tabuleiro político maranhense, se juntem para defender o interesse público.

 Do blog do Ribamar Corrêa