Daqui a um ano – em abril de 2022 –, o ciclo de pouco mais de 08 anos do governador Flávio Dino (PCdoB) à frente do Palácio dos Leões chegará ao fim. Nesse período, o Maranhão viveu a expectativa de grandes transformações sociais e econômicas, devido ao sentimento de mudança propagando na campanha eleitoral de 2014 pelo comunista.
Na época, entre as 65 promessas registradas na Justiça Eleitoral, pelo menos 20% tratavam de combate à pobreza. De lá para cá, entretanto, nenhuma delas foi cumprida e, mesmo oito anos depois de a família Sarney deixar o poder no estado, o Maranhão ainda se depara com uma realidade estigmatizante de pobreza.
Esse triste cenário que ainda afeta a população maranhense foi mostrado para o Brasil, no início do mês passado, pelo programa Profissão Repórter, da TV Globo. Antes da pandemia começar, no início de 2020, os jornalistas Caco Barcellos e Danielle Zampollo vieram ao Maranhão para acompanhar o trabalho da freira Ardiles, da Pastoral da Criança, com famílias que vivem em situação de extrema pobreza.
De acordo com os últimos dados do IBGE – divulgados na mesma época da reportagem -, o estado ainda figura na liderança do ranking de brasileiros vivendo em extrema pobreza: um em cada cinco maranhenses, 1,4 milhão de pessoas. E as visitas que a equipe de reportagem fez às casas de algumas famílias são um retrato deste triste cenário.
Um ano depois, ainda em isolamento devido a pandemia, a equipe do programa conversou novamente com Ardilles, de forma virtual. A freira voltou às casas que os repórteres visitaram e encontrou as famílias ainda mais fragilizadas.
Em 2017, durante entrevista à Folha de São Paulo, o governador Flávio Dino disse que a expectativa era crescer até 3% naquele ano e 4% em 2018, com a pujança do agronegócio.
“O que tentamos colocar no lugar do patrimonialismo e hiperconcentração de riqueza que herdamos é uma economia mais forte e diversificada, que tenha políticas sociais capazes de distribuir a renda e que haja probidade e honestidade na gestão do dinheiro público”, afirmou à época o chefe do executivo estadual.
Três anos depois, a expectativa não se confirmou e o Maranhão seguiu na ponta do ranking de pobreza e extrema pobreza, conforme dados do SIS (Síntese de Indicadores Sociais), referentes ao ano de 2018.
Segundo os números que também foram divulgados pelo Atual7.com, em 2018, o Brasil ainda tinha 13,5 milhões de pessoas em extrema pobreza, com o Maranhão permanecendo na liderança do ranking. O estudo aponta, ainda, que a pobreza atinge sobretudo a população preta ou parda.
No estado, segundo o IBGE, o rendimento domiciliar de 20% da população maranhense é de apenas R$ 145 por mês, e 53,0% da população possui renda mensal per capta de R$ 420.
A linha é definida pelo Banco Mundial — que é a métrica adotada pelo IBGE —, que considera em pobreza extrema aqueles que vivem com até US$ 1,90 por dia, ou seja, o equivalente a R$ 145 por mês. Por outro lado, são considerados pobres aqueles que tem o PPC (paridade do poder de compra) menor que US$ 5,50 por dia, o que equivale a R$ 420 por mês.
PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS AGRAVAM O ÍNDICE
Com nada menos que cerca de 2/3 de suas promessas de campanha (de 2015 a 2018) não cumpridas mesmo depois de sete anos de mandato, o governador comunista deu uma espécie de tiro no próprio pé, ao fazer constar do seu Plano de Governo entregue à Justiça Eleitoral um enunciado em destaque – na cor vermelha – que o revelava como autor da Lei que obrigou a apresentação das propostas dos candidatos à Justiça Eleitoral.
No destaque, Flávio Dino – que já foi deputado federal – afirma ter sido o relator da Lei 12.034/2009 na Câmara Federal. A Lei, que deu nova redação ao artigo 11 da Lei 9.504/97, apesar de não estabelecer sanções para os que não cumprirem as promessas, expõe moralmente o seu relator.
“Foi exatamente em busca de vínculos mais fortes entre o debate eleitoral e as prioridades administrativas dos novos governos que a Lei nº 12.034/2009 – da qual fui Relator na Câmara dos Deputados – fixou, de modo inovador, a necessidade de registro dos Programas de governo perante a Justiça Eleitoral”, destacou o comunista.
O destaque – em vermelho – constante de suas promessas de campanha, reforça a ideia de fracasso da gestão comunista, porque afirma, categoricamente, serem todas as ações “compromissos claros e exequíveis assumidos desde o período da campanha eleitoral”. Só que Dino não conseguiu executar nenhuma das ações que tratavam de combate à pobreza, representando pouco mais de 20% das 65 ações registradas na Justiça Eleitoral. Com isso, as promessas não cumpridas levaram ao aumento da pobreza no Maranhão.