Áudio atribuído ao dono do ‘Pinto no Lixo’ reclamando de repasses vaza em grupos de WhatsApp gerando polêmica. Declarações revelam que blocos estariam servindo como um negócio lucrativo para captar verba pública.

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Natalício reclama que dinheiro público foi pouco para bancar sua brincadeira e devolve verba, após chacota nas redes

Todo ano é a mesma coisa. Fundadores de blocos de Carnaval queixam-se dos recursos recebidos das prefeituras para celebrarem a festa. Em época de dinheiro curto, a chiadeira é ainda maior. Como seria óbvio, o município de Bacabeira, não poderia ficar de fora dessas reclamações.

No entanto, o que pouca gente não sabia é que alguns destes grupos carnavalescos podem ter sido criados apenas como um negócio lucrativo para captar verba pública. Pelo menos foi isso que deu a entender o fundador do bloco Pito no Lixo, Natalício da Silva.

No inicio desta semana, vazou em grupos de WhatsApp do município, um áudio de Natalício reclamando do pouco investimento público para seu bloco carnavalesco. As declarações geraram polêmicas porque o fundador da brincadeira deu a entender que queria fazer “folia com dinheiro público”.

Ao queixar-se do valor de R$ 500 reais depositados em sua conta, o fundador do “Pinto no Lixo” afirmou que iria procurar a prefeitura bacabeirense para devolver a quantia recebida. A promessa de devolução só foi cumprida, depois que ele virou chacota nas redes sociais.

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Reclamação do fundador do Bloco Pinto no Lixo vira meme nas redes sociais (Foto: Reprodução)

Em contato com o blog, um aliado próximo à prefeita Fernanda Gonçalo garantiu que os recursos devolvidos por Natalício serão invertidos em cestas básicas para famílias carentes.

“Não se podem usar os blocos carnavalescos como um negócio lucrativo apenas com o objetivo de captar verba pública. Se Natalício não gostou de receber a ajuda para a brincadeira então o correto seria mesmo que ele procurasse a prefeitura para cumprir a promessa de devolução dos valores que agora serão invertidos em cestas básicas para famílias carentes”, destacou o auxiliar da gestão municipal ao editor desta página.

Mesmo sem apontar a origem dos recursos ou rubricas, Natalício chegou a afirmar no áudio que Bacabeira recebe repasses para bancar blocos carnavalescos, o que não é verdade. Mas, o que ele queria? Quanto é que queria receber da prefeitura? Em que ele gostaria de gastar essa grana? Em comida? Bebida? Abadás?

PARA ENTENDER
O carnaval é esperado por milhões de pessoas, inclusive por alguns milhares em Bacabeira, e é uma festa importante, inclusive financeiramente falando, pois faz girar a economia local.

Contudo, o que existe é uma distorção entre o que é obrigação do poder público e o que é dever do cidadão. Inúmeras são as iniciativas populares de suma importância para o país que não recebem um único centavo do dinheiro público e que são bancadas por cidadãos com doações espontâneas. Na capital maranhense, por exemplo, há incontáveis clínicas de repouso, creches, asilos, centros de recuperação de dependentes químicos que sobrevivem basicamente da ajuda de pessoas físicas ou empresas privadas.

Diante de tantas iniciativas extraordinárias e que pouco ou nada recebem do poder público, por que os responsáveis por blocos não promovem um trabalho de arrecadação financeira ao longo do ano para custearem suas despesas, inclusive com comida e bebida? Afinal, não faltaria quem quisesse ajudar, pois são milhares de pessoas no próprio município que adoram o carnaval. Isso, claro, sem falar nos comerciantes e empresários que faturam alto com a folia.

O Brasil atravessando uma das maiores crises financeiras de sua história. A renda média das famílias brasileiras em declínio, o desemprego e o subemprego saltando aos nossos olhos e o salário mínimo cada vez mais “mínimo”. Alheio a tudo isso, ainda há quem reclame do pouco investimento público nos blocos de rua.

INTERATIVIDADE
Diante da repercussão, o blog quer saber a sua opinião sobre o tema. Afinal, blocos de Carnaval devem receber verba pública? Opine deixando comentários abaixo!

SAIBA MAIS
Em São Luís, o Ministério Público do Maranhão (MP-MA) junto com a Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE/MA) entraram na Justiça na ultima semana, para requerem que seja proibido qualquer recurso público do Município de São Luís para eventos festivos, inclusive o Carnaval. Os órgãos pedem que os recursos sejam investidos no Hospital Dr. Odorico Amaral de Matos, conhecido popularmente como o Hospital da Criança.