Artesão, compositor, músico e cantador foi fundador do Boi de Periz, um dos mais tradicionais do sotaque de orquestra

Manoel Tetéu, artesão, compositor, músico e cantador  Foto: Márcio Vasconcelos

Importante figura do cenário cultural do Estado, o artesão, compositor, músico e cantador Manoel de Jesus Desterro, mais conhecido como Manoel Tetéu, de 90 anos, morreu, na tarde desta quinta-feira (8/8), após uma forte batalha contra a diabetes e problemas cardíacos.

Ele que estava com a saúde debilitada desde o ano passado, teve que ser internado às pressas, no Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão II), em São Luís, onde acabou falecendo. A cultura maranhense perde assim um dos seus maiores ícones.

HISTÓRIA  
Nascido em Rosário-MA, no dia 22 de abril de 1929, Manoel Tetéu era um grande artesão, que desde 1975 fabricava banjo, capoeira de bumba-boi, burrinha, tambor onça e bombo. Em 1979, fundou o Boi de Orquestra de Periz de Cima, que por alguns anos, foi conhecido também como Tradição de Bacabeira.

No mesmo ano de fundação, o Boi de Periz de Cima foi conduzido pela voz potente do cantador Ribão D’Oludô. Em 2014, durante uma homenagem no maior arraial de São Luís, o Terreiro da Maria, Manoel Tetéu destacou sua trajetória na brincadeira.

“Ainda que o tempo tenha passado, mantenho o mesmo amor e cuidado com o nosso boi. Esse ano, mesmo a pressão alta tendo me deixado um pouco receoso. Estou participando das apresentações sem sentir nenhum incômodo”, afirmou a época, diante de um público estimado em oito mil pessoas, conforme dados da Guarda Municipal.

O grupo é um dos únicos a usar em sua orquestra o banjo tenor, instrumento artesanal que era confeccionado pelo próprio Manoel Tetéu. “Enquanto Deus deixar, eu vou continuar comandando o grupo. Eu era marceneiro, mas me aposentei para seguir apenas com o boi”, completou.

RECONHECIMENTO
Em 2012, Tetéu fez parte do projeto “Os Senhores Cantadores, Amos e Poetas do Bumba Meu Boi do Maranhão”, produzido pelo cantor, compositor e percussionista Papete. Aprovada na Lei Rouanet, a iniciativa que contou com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, promoveu uma pesquisa iconográfica que culminou com a edição de um livro de fotografias, entrevistas e depoimentos. O livro teve três CD’s e um DVD como encarte.

COMOÇÃO
No município de Bacabeira, onde o falecido morava, o clima de comoção é grande. Sua filha, Helena Desterro, foi quem confirmou a morte do pai ao titular deste blog. Ela destacou que vai encontrar na história força para seguir em frente com a brincadeira.

O velório de Manoel Tetéu acontecerá ainda nesta quinta-feira, na Sede do Boi de Periz de Cima, na Rua Câmara Lima, no Alto Castelo, em Bacabeira.