Conversei ontem com o analista politico Fernando Bastos, diretor do Instituto Emet, sobre uma previsão de um possível resultado das eleições deste domingo (29), em São Luís. Apesar do instituto não ter registrado pesquisa neste segundo 2º turno, Fernando destacou que Braide poderia vencer com pouco mais de 10% de diferença, uma previsão que praticamente se confirmou nas urnas na noite de hoje. Foi, portanto, uma vitória já prevista.
No entanto, apesar da derrota para Eduardo Braide (Podemos) em São Luís, Duarte Jr (Republicanos) saiu da eleição fortalecido como nova liderança política, repetindo um feito que pertenceu ao próprio adversário em 2016.
A vitória do candidato do Republicanos não era muito difícil, prova disso foi a diferença de pouco mais de 53 mil votos contra o rival. O deputado Josimar de Maranhãozinho percebendo a possibilidade de lograr êxito, resolveu agir: chamou sua base, formada pelos partidos Patriota, Avante e PL, botou o bloco na rua e tentou resolver. No entanto, faltou um pouco mais de empenho do governador Flávio Dino (PCdoB) que entrou na campanha levando apenas desgaste sem a trazer a estrutura adequada e necessária.
O chefe do executivo estadual deu ‘murro’ na mesa, chamou secretários, pediu votos a deputados e presidentes de partidos, mas esqueceu o principal: não cobrou a fatura do prefeito Edivaldo, pelo apoio que deu em 2012 e em 2016. O silêncio do prefeito até poderia beneficiar Duarte, mas Braide percebeu isso e, oportunamente, soube aproveitar o debate da TV Mirante para direcionar os caminhos dos votos de seu quase antecessor, que vinha se mantendo com a postura de ‘neutralidade’.
Apesar da derrota, Duarte entra definitivamente na cena politica estadual como um quadro progressista, que veio para ficar. Para alguns observadores, o político fala muito bem e traz uma moderação que está em consoante com expectativa que existe hoje de forma difusa na sociedade, prova disso que São Luís também espelhou esse momento.
A ideia de que as pessoas estão insatisfeitas com o bolsonarismo e, por outro lado, almejam líderes ou gestores dispostos ao diálogo, a sentar com os mais diversos pontos de vista para tentar costurar soluções políticas. Vejo essa habilidade tanto no Braide quanto no Duarte.
Mais ainda do que o número de votos, o processo eleitoral fez com que o republicano saísse maior do que entrou nas eleições. Além disso, a passagem de Duarte para o segundo turno já foi uma vitória, que fica ainda mais significativa quando o candidato perdura no segundo turno em sua campanha e consegue o resultado que teve, perdendo o comando do Palácio de La Ravardière por uma diferença de pouco mais de 53 mil votos para alguém que estava disputando a eleição consolidado com recall de 2016.
O caminho que Duarte tende a trilhar pode ser semelhante ao de Braide, basta aguardar e seguir passos da trajetória que o rival fez ao perder o pleito há quatros anos para o prefeito Edivaldo. Tudo é questão de tempo. Para isso, basta apenas aguardar para poder tentar resolver em 2024, quando estará com 38 anos, mais experiente e, provavelmente, um degrau a mais do que ocupa hoje.