Eleito em fevereiro do ano passado para presidir a Assembleia Legislativa no biênio 2019-2021, o deputado Othelino Neto (PCdoB) teve sua reeleição antecipada, três meses depois, no dia 06 de maio do mesmo ano e ficará no comando da Casa até 31 de janeiro de 2023. Segundo o deputado, a recondução da Mesa Diretora “foi uma decisão consensual” e “prova disto é que os 41 parlamentares presentes em plenário foram unânimes em votar na única chapa registrada: Unidade e Democracia”.
Na época, o único ausente foi Hélio Soares, que hoje é um dos coordenadores da campanha de Duarte Júnior no 2º turno da eleição em São Luís. Numa espécie de prenúncio, parecia até que o deputado do PL sabia exatamente o que poderia ocorrer um ano depois e, talvez, por isso preferiu se abster do processo eleitoral interno.
Dias depois da sua segunda vitória, Othelino soltou aquele “não sei como Deus me colocou aqui”, atribuindo ao pobre Jeová algo que está mais por ser obra de Belzebu. Mas como são grandes as artes do Tinhoso, o chefe do legislativo mudou com o tempo.
Pelo menos em tese, ele nunca foi oposição a Flávio Dino e ajudou, inclusive, o Palácio dos Leões a obter vitórias na Casa. No entanto, sempre esteve fortalecendo a oposição, segundo as más línguas. O deputado Wellington do Curso é um exemplo claro disso, conforme já noticiamos.
A prova de fogo estava por vir em 2020 e mais uma vez, Othelino adotou uma postura esquisita em vários municípios. Na Raposa, só para citar um dos casos mais claros, gravou vídeo pedindo votos para a candidata Ocileia (PSDB), ignorando o candidato Eudes Barros (PL) que foi eleito tendo como vice um candidato do próprio PCdoB.
Em São Luís, adotou uma postura de ‘estadista’ que seria justificável no primeiro turno, pois três de seus colegas de parlamento estavam na disputa: Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM) e Yglésio Moyses (PROS), embora demonstrasse sua preferência mais pelo democrata.
No entanto, no segundo turno, a postura estadista foi mostrando seu lado na disputa. Hoje, entretanto, a mascara caiu depois que ele ‘vestiu a carapuça’ das declarações de Brandão sobre desertores.
Como falamos anteriormente, o chefe do legislativo tem motivos de sobras para agir dessa forma: vai comandar a Assembleia Legislativa até 31 de janeiro de 2023. Foi eleito e reeleito com votos de todos os ‘deputados-candidatos’, entre eles Duarte Júnior, candidato apoiado pelo governador Flávio Dino neste 2º turno na capital maranhense.
Ou seja, nem isso Othelino levou em consideração ao optar por uma escolha na segunda etapa na capital. Pior: torce hoje pelo adversário de seu próprio eleitor que lhe ajudou na eleição antecipada do Legislativo estadual. Mais do que ingratidão, isso é covardia!
Com a posição declarada de Othelino, através de indiretas nas redes sociais, fuga para interior visando ignorar a convenção do próprio partido que homologou a candidatura de Rubens Júnior e, da articulação de apoios de deputados visando ajudar a derrotar o candidato apoiado pelo governador, cabe alguns questionamentos: Antecipar a eleição da Mesa da Assembleia um ano antes do pleito municipal foi erro?
A princípio, a eleição da Assembleia ocorreria apenas no final de 2020, quando termina o mandato da atual mesa diretora, mas a antecipação garantiu que a eleição ocorresse em maio. Caso não tivesse sido antecipada qual seria a postura adotada por Othelino Neto nas eleições de 2020? Ele iria permanecer como um ‘estadista’?
Neste apocalipse de milagres nada santo e de uma crise política iminente, uma coisa é certa: os passos que vai tomar daqui pra frente começa a ficar aberto neste segundo turno: o problema é que a contrita esperança de Othelino de virar senador ou permanecer na cadeira que ocupa, pode se transformar em ilusão. Diante disso, não custa perguntar:
A derrota do “sem-voto” – à Prefeitura ludovicense na terceira colocação com menos de 100 mil votos seria uma espécie de premonição do que pode ocorrer daqui a dois anos?